"O maior e melhor S. João do mundo é brasileiro". É o que dizem os moradores de duas cidades do Nordeste do Brasil que travam uma batalha para ver quem organiza a Festa Junina mais popular.
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O mês de Junho é vivido de forma tão intensa quanto a semana de Carnaval no Brasil. Seja em grandes metrópoles ou pequenas aldeias, os arraiais de rua atraem milhares de foliões, principalmente na região Nordeste, onde se destacam Campina Grande e Caruaru, duas cidades que "respiram" São João nesta época do ano.
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Para se ter uma ideia, os hotéis de Campina Grande, no Estado da Paraíba, estão lotados para os principais fins-de-semana deste mês. A organização do evento espera receber mais de dois milhões de pessoas durante os 31 dias de festa e prepara uma homenagem ao cantor e compositor Genival Lacerta, que completa 80 anos.
No total, serão mais de mil horas de "forró pé-de-serra" e muitas atracções musicais, como os artistas Zé Ramalho, Dominguinhos e Elba Ramalho. Na véspera do dia de Santo António, dia 11 de Junho, 100 casais irão dizer "sim" num enlace matrimonial colectivo, que terá lugar num dos palcos principais do evento.
Em Caruaru, no Estado de Pernambuco, a festa teve início no dia 4 de Junho. Mais de um milhão de pessoas deverão passar pela cidade, localizada a apenas 173 quilómetros da "rival" Campina Grande. O evento terá cerca de 300 atracções locais e nacionais durante os 26 dias de festa.
Segundo o site "pe360graus", a Fundação da Cultura acredita que o São João mais famoso de Pernambuco deve movimentar cerca de 80 milhões de reais (35 milhões de euros) e estima a criação de 10 mil postos de trabalho directos e indirectos.
A prefeitura de Caruaru montou um "Polo das Quadrilhas", com uma bancada preparada para receber mais de mil pessoas, onde acontecerão apresentações culturais e concursos de dança infantis. Ponto alto da festa pernambucana, as quadrilhas foram por muito tempo uma expressão da cultura nacional.
Mas a influência "tupiniquim" nesta tradição que veio do outro lado do Atlântico é sentida essencialmente na alimentação. Na "ementa caipira" pode-se encontrar a pamonha (milho verde ralado misturado com leite, sal ou açucar), o cuscuz (prato à base de farinha, milho e arroz ou mandioca), o caldo verde de milho, a paçoca (comida indígena à base de farinha e carne seca), o pé-de-moleque (doce feito com amendoim torrado e açúcar) e muitos outros "quitutes" genuinamente nacionais.
As comidas gigantes são uma das atracções da Festa Junina de Caruaru. Um cuscuz de meia tonelada e uma pamonha com mais de 100 quilos foram servidos aos foliões no primeiro fim-de-semana do evento.
Para que ninguém perca as comemorações, as escolas das duas cidades dão férias aos alunos durante todo o mês de Junho."Antes não dava certo, todos queriam ir para a festa e a sala de aula se tornava um estorvo", explica Ivana Paschoal, diretora de Educação de Caruaru ao "Jornal Floripa". O S. João "é mais divertido que o Carnaval", acrescentou.