O primeiro curso internacional que o Brasil vai organizar para funcionários de países em desenvolvimento sobre mudanças climáticas globais e incêndios florestais começa na segunda-feira em Brasília.
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Em entrevista à Agência Lusa, o ministro Marco Farani, director da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), disse que este projecto ajuda o Brasil a cumprir "o papel que se espera de um país emergente", colocando-se como um ator que quer participar na criação de um consenso em relação a políticas públicas e ao desenvolvimento de zonas rurais.
Os participantes, 30 profissionais de 23 países, incluindo oito representantes de quatro nações lusófonas (Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe), são na sua maioria funcionários de instituições governamentais ambientalistas com alta qualificação académica.
Além de discutir as causas, consequências e soluções dos incêndios, o módulo ministrado pelo Centro de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Prevfogo) brasileiro e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) vai promover a troca de experiências e incentivar a formação de redes de cooperação internacionais.
Coordenado pela ABC, o programa foi apresentado pelo governo brasileiro em Roma, em junho. Para os 13 primeiros módulos, inscreveram-se perto de mil candidatos de 78 países.
No projecto, o Brasil vai transferir tecnologia e partilhar conhecimento em agricultura tropical. Entre os temas que serão abordados estão técnicas de cultivo e de produção de sementes, políticas de crédito e de fomento à agricultura familiar, conservação ambiental e combate à fome, entre outros.
Marco Farani destacou que, entre os temas dos cursos, haverá questões essenciais no mundo atual, como meio ambiente e segurança alimentar.
"Nós seremos nove mil milhões de habitantes até 2050 e haverá uma forte procura de alimentos. O Brasil continuará como um importante fornecedor, mas é urgente partilhar conhecimento", declarou.
Apesar da iniciativa, o ministro declarou que o Brasil ainda faz muito pouco em termos de cooperação técnica.
Segundo Farani, nos últimos cinco anos, o Brasil investiu cerca de 800 milhões de dólares anuais em cooperação internacional, incluindo formação técnica, ajuda financeira e humanitária.
"Isso representa 0,02 por cento do PIB brasileiro. Países tradicionais, que praticam cooperação há muitos anos, aplicam de 0,6 a 1 por cento do PIB ao ano", comparou.
Além da agricultura, a ABC desenvolve programas em áreas como saúde, educação, formação profissional, justiça, estatística e desporto. A escolha dos temas é feita com base na procura dos países.
Todas as despesas dos formando, incluindo passagens aéreas, são pagas pelo governo brasileiro.