Uma nova interpretação da vida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "O Que Sei de Lula", do jornalista José Nêumanne Pinto, chega esta segunda-feira às livrarias no Brasil, com a tese de que Lula nunca foi de esquerda.
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"Lula não é um revolucionário de esquerda, é um conservador e estabeleceu relações com a Igreja para criar o PT [Partido dos Trabalhadores]", afirmou à Lusa o autor e cronista do jornal "O Estado de São Paulo", Nêumanne Pinto.
Para apresentar os seus argumentos, o escritor recorreu à sua própria experiência como repórter, além de biografias anteriores e vasto material publicado na imprensa, nomeadamente muitas entrevistas já esquecidas. Numa delas, em 1979, Lula cita Hitler como um homem a ser admirado "não pelas suas ideias, mas pela obstinação que tinha em segui-las", lembra o autor.
"O livro não é uma biografia, é um testemunho de tudo o que convivi com Lula e a partir daí tudo o que li e as minhas interpretações do que vi", explicou Nêumanne Pinto, um dos primeiros jornalistas a entrevistar Lula, em 1975, quando o então operário iniciava o seu percurso político à frente do sindicato dos metalúrgicos na região conhecida como ABC Paulista.
Segundo o jornalista, a partir do momento em que Lula da Silva "começa a comandar as greves, começa a ser construído o mito".
"Tudo o que foi escrito até agora traz uma parcela dessa história, mas algumas não ficaram bem escritas, porque as camadas deste mito já estavam muito fortes", afirmou. Segundo o autor, o livro, de 522 páginas, pretende "remover as camadas deste mito" para tentar explicar o sucesso de Lula como homem real.
"Procurei ser imparcial e não cair nem na canonização, dos que o transformam num herói, nem na satanização que a direita faz", explicou Nêumanne Pinto, para quem é a "verdadeira história" do antigo presidente que gera tanta empatia com o povo brasileiro e que o converteu no "maior líder político que o Brasil já teve".
O livro será lançado nesta terça-feira no Rio de Janeiro e no próximo dia 23 em São Paulo.