
Porto dos anos 1940 é o cenário do filme
D.R.
É o mais mítico dos filmes de Manoel de Oliveira, foi estreado em 1942 e tem este domingo uma sessão especial na Casa do Cinema do Porto.
A 18 de dezembro de 1942, estreava no Cinema Éden, em Lisboa, "Aniki-Bóbó", a primeira longa-metragem de Manoel de Oliveira, então um "jovem" cineasta estreante de 34 anos.
O filme, que faz justamente hoje, domingo, 80 anos e que pode ser revisto numa sessão especial na Casa do Cinema Manoel de Oliveira, às 17 horas, não teve, como lembra o texto de promoção do o Museu de Serralves, no Porto, a receção que se esperava. Nem por parte de alguma crítica (que o considerou subversivo), nem por parte do público (que afluiu escassamente às salas para o ver).
Resultado direto: Oliveira ficou uns longos 14 anos sem filmar.
Efetivamente, só em 1956, então já com 48 anos, é que o autor conseguiria realizar a sua segunda obra, o documentário "O pintor e a cidade", uma curta-metragem documental em que o realizador contrapõe a sua visão cinematográfica do Porto à do pintor António Cruz, que foi, nas palavras de Abel Salazar, "sem contestação possível, o maior aguarelista português dos tempos modernos".
Seriam, pois, necessários mais 30 anos para que Manoel de Oliveira voltasse às longas de ficção, com "O passado e o presente", estreado em 1972, quando tinha já 78 anos.
Mas o seu passo e a sua eterna juventude sobrepuseram-se a tudo e Oliveira, que morreria em 2015 com 107 anos, realizaria, entre curtas, médias e longas-metragens, um corpo cinematográfico superior a meia centena de filmes (só longas são 32).
Entretanto, continua a lembrar Serralves, "Aniki-Bóbó" adquiriria o estatuto de "clássico", tendo-se tornou-se no mais acarinhado e popularizado dos filmes de Oliveira.
O feito extraordinário terá resultado, em grande medida, da trama infantil que adapta o conto de Rodrigues de Freitas, "Os meninos milionários", e da escolha dos atores crianças que o protagonizam.
A exibição deste domingo marca o encerramento do programa especial sobre Oliveira, iniciado em novembro, e que já se materializou em exposições, conversas e um ciclo abrangente da sua obra.
