A Academia Portuguesa de Cinema (APC) apelou à criação de um "plano de emergência" para apoiar profissionais do audiovisual, verbas para iniciativas 'online'" e o retomar de filmagens.
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Estas são três propostas que a APC enviou ao Ministério da Cultura e ao Instituto do Cinema e Audiovisual e apresentou ao Presidente da República, com quem teve uma audiência no sábado.
O presidente da academia, Paulo Trancoso, explicou esta segunda-feira à Lusa que as propostas foram apresentadas no seguimento de um inquérito que a APC enviou aos cerca de 700 associados, para perceber como é que foram afetados pelo estado de emergência, declarado a 19 de março.
A academia apela à criação de um plano de emergência, porque 65% dos profissionais inquiridos disseram estar em situação precária, a trabalhar a recibos verdes, e 54% responderam que ficaram com mais de metade da remuneração suspensa.
Dos 198 profissionais que responderam ao inquérito, a maioria é atores e atrizes (60,1%), trabalha em realização (18,2%) e em produção (16,7%).
Foram afetadas atividades como rodagem de filmes e séries, publicidade e telenovelas. Quase 70% dessas atividades foram adiadas e 18,2% canceladas.
Estatuto do Artista é urgente
Sem revelar nomes, a APC explica que ficaram suspensos projetos de pequena e grande escala, envolvendo equipas de dez pessoas ou mais de uma centena, e que a previsão de regresso à normalidade varia entre o verão e 2021.
Muitos dos inquiridos revelaram que estão a desenvolver atividades 'online', algumas não remuneradas.
Questionados sobre medidas para acautelar a situação em que vivem, a grande maioria pede apoios sociais, monetários, "bolsas de sobrevivência", adiantamento de pagamentos já orçamentados, cancelamento ou "redução drástica" de impostos ou "subsídio de emergência para despesas fixas".
É feito ainda um apelo aos ministérios da Cultura e das Finanças para "criar de uma vez por todas o Estatuto do Artista à semelhança dos Intermitentes em França".
Tal como noutros setores da Cultura, o cinema e audiovisual ficaram paralisados por causa da Covid-19, com encerramento de salas de cinema, adiamento de festivais e de rodagens de produções cinematográficas.
O Ministério da Cultura garantiu que iria manter em funcionamento o calendário de concursos do ICA, agilizando ainda alguns procedimentos e aliviando a carga burocrática.
No entanto, desde que foi decretado o estado de emergência, em março, a tutela anunciou apenas dois montantes financeiros adicionais: um milhão de euros para uma linha de financiamento de emergência, cujos beneficiários não foram ainda revelados, e 400 mil euros para aquisição de livros às pequenas editoras e livrarias.