Carlos Alberto Moniz tem um novo disco. Em "Por Esse Mar Abaixo", o músico e compositor assinala 51 anos de carreira através de outras tantas canções, nas quais o mar e os Açores estão omnipresentes.
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Ao longo dos anos, Carlos Alberto Moniz brindou o público com dezenas de canções conhecidas pelos portugueses. Na sua própria voz, como "Companheiro Vasco", ou na dos outros, de que são exemplo "Amor de Água Fresca" e "Há Sempre Alguém", que representaram Portugal no Festival Eurovisão.
Para além das canções que é conhecido por ter escrito, a voz de Carlos Alberto Moniz deu vida aos temas "Arca de Noé", "Golfinho" e "Os 2 Macacos" do programa infantil "Arca de Noé" da RTP, do qual foi apresentador.
Estes 51 anos de música são agora celebrados com "Por Esse Mar Abaixo", um conjunto de 51 canções cantadas a 88 vozes. Este é um álbum de quase três horas guardadas em três discos, denominados Bombordo, Proa e Estibordo.
Os termos marítimos fazem jus ao tema do álbum, que não podia ser outro que não o mar. Ao JN, Carlos Alberto Moniz conta que, por ser açoriano, o mar faz parte da sua natureza, e que lhe é impossível fugir.
"Nós, os açorianos, quando nascemos estamos logo com um pé no mar e o outro na lapa. A primeira coisa de que de ouvimos falar é o mar. E o que é que seria dos Açores se não houvesse mar? É aquilo que nos une, e de facto no disco tudo acaba por se juntar por causa do mar."
O álbum carrega o significado de ser açoriano e o apreço que o músico tem nas suas origens insulares através de colaborações com músicos ilhéus e gravações de músicas que fazem parte da diáspora açoriana como "Ilhas de Bruma" de Manuel Medeiros Ferreira e "Chamateia" de Luís Alberto Bettencourt.
Tendo um leque de convidados tão diversificado com nomes da música como Sérgio Godinho, Jorge Palma, António Zambujo, Quim Barreiros, Augusto Canário e Katia Guerreiro, seria de esperar que as músicas que compõem o álbum se mostrassem difíceis de conjugar de modo a que "Por esse Mar Abaixo" fosse uma experiência auditiva congruente.
No entanto, o músico diz que as canções se conjugam "perfeitamente, porque o disco foi gravado entre de almoços, canções, abraços, afetos. Foi isso é que resultou, ao fim de 18/20 meses de trabalho, nestes três discos. As canções fazem sentido juntas pela boa disposição em que surgiram."
Todas gravadas em conjunto com, pelo menos, um artista, Carlos Alberto Moniz conta que não foi ele quem escolheu quem devia convidar para cantar consigo, mas sim as canções.
"As músicas foram aparecendo, depois as próprias canções é que pediam quem é que havia de cantá-las. Quando canto a "Os Homens do Canal", estava a ver o Jorge Palma a cantá-la. Desafiei-o e ele aceitou. Fiz uma canção sobre café e convidei músicos de todos os países onde produzem café para cantarem comigo... São coisas as pequenas que fazem a diferença neste álbum."
No concerto que deu na redação do Jornal de Notícias, o artista interpretou duas músicas, sendo uma delas "Chamateia" de Luís Alberto Bettencourt. O artista achou importante trazer esta canção típica da Região Autonoma dos Açores porque "Também se mata saudades a sorrir."
"Ao longo de 50 anos fui criando estas afinidades com muita gente das artes", e foi das amizades que acabou por surgir este álbum comemorativo da carreira musical de Carlos Alberto Moniz.