Experiência inédita de arte imersiva pode ser vista até 7 de agosto no Centro Comercial Colombo, em Lisboa. A entrada é gratuita.
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"Se Leonardo da Vinci, homem do futuro, estivesse aqui, penso que estaria feliz com o que fizemos". A convicção é de Marilena Bertozzi, do atelier responsável pela experiência imersiva que traz a Lisboa um resumo da vida e obra do famoso artista italiano, de forma contemporânea e com recurso à mais avançada tecnologia.
"Leonardo da Vinci - Experiência de Arte Imersiva" foi inaugurada esta terça-feira no Centro Comercial Colombo e fica por lá até 7 de agosto. É uma mostra inédita em Portugal que assinala o 570º aniversário de nascimento do pintor, poeta, arquiteto e cientista italiano, bem como a 12ª edição do projeto de arte pública do centro comercial.
Na Praça Central do Colombo, um museu temporário com seis metros de altura e mais de 700m3 acolhe esta experiência: é o maior volume já projetado neste espaço, já habituado a mostras relevantes como a dos 100 Anos de Nadir Afonso, em 2021.
Este ano, a arte e o génio do renascentista Da Vinci falam por si em gigantes imagens luminosas, acompanhadas de música, que nos trazem algumas das suas obras e estudos mais reconhecidos, como o famoso desenho "Homem Vitruviano", estudos de máquinas de guerra como "A Catapulta" ou a icónica "Mona Lisa".
A montagem da estrutura envolveu 12 pessoas, durante 66 horas e o resultado inclui 6 projetores de vídeo para projeção nas paredes e no chão, acompanhado do sistema de som para a experiência imersiva de luz, som e cores.
A cada 15 minutos, todos os dias durante o decorrer da exposição, recomeça a experiência, dividida em seis partes, incluindo algumas das suas pinturas, intercaladas com uma visualização do artista através dos seus esboços e anotações sobre estudos de ciência, engenharia ou arquitetura.
Tudo começa com o "Homem Vitruviano", símbolo da Renascença e do próprio Da Vinci, seguindo-se um capítulo dedicado à pintura, com retratos femininos icónicos, como a "A Dama com Arminho". Depois, são apresentados alguns dos seus estudos inovadores de máquinas militares como "A catapulta" ou "A Arma de Cano Múltiplo", e estudos hidráulicos, com esboços e notas sobre sistemas de circulação da água, culminando em "A Virgem das Rochas". A experiência prossegue com o caminho do artista enquanto arquiteto, com estudos geométricos e de igrejas, e por último podem ser contempladas três das suas obras-primas: "Santa Ana", "Mona Lisa" e "A Última Ceia".
Um resumo possível, explicou a criadora do Art Media Studio, Marilena Bertozzi, na apresentação da experiência. "O que podemos ver nesta estrutura é uma síntese de um projeto muito maior, que tivemos de adaptar a este espaço e realidade, diminuindo em cerca de metade", começou por adiantar. "Leonardo da Vinci era, sabemos, um homem com muitos talentos, não só artísticos mas de construção, engenharia; trabalhou em muitos campos e é tudo isso que pretendemos representar aqui", salientou ainda. Tudo com uma roupagem adequada aos novos tempos e, espera-se, mais apelativa: "aquilo que tentámos também fazer foi trazer para o contemporâneo um artista de há muito tempo, usando uma linguagem imersiva que também o aproxime dos mais jovens", concluiu.
Também presente na inauguração, Lorenzo de"i Medici, o último descendente da família mecenas de Leonardo da Vinci, salientou uma sensação de ciclo fechado, depois de no século XV o seu antepassado Lorenzo de'i Medici, ou "il Magnifico", ter escrito uma carta sobre Leonardo da Vinci, então desconhecido, descrevendo-o como um homem de muitos talentos: pintor, arquiteto, engenheiro. Seria na estadia do jovem artista em Milão, pensa-se que a convite de Medici, que Da Vinci pintaria "A Última Ceia", presente na mostra. Esta exposição é como que "os Medici a encontrar-se de novo com Leonardo da Vinci", frisou o mecenas.
Com edição e produção artística do Art Media Studio, a experiência já esteve em seis países, antes da estreia em Portugal. O conceito e produção executiva ficou a cargo da State of the Art (SOTA) e o projeto de arquitetura é de Diogo Aguiar Studio. Além da mostra, a 12ª edição de "A Arte Chegou ao Colombo" vai incluir ainda dois eventos culturais na Praça Central, entre eles um momento musical com repertório opertático italiano pelas vozes do Coro do Teatro Nacional de São Carlos, assinalando o seu 229º aniversário. Entre julho e agosto, decorre ainda um mini ciclo de cinema curado pela Festa do Cinema Italiano em parceria com a Risifilm, com a exibição de três filmes dedicados aos grandes maestros da arte italiana - Leonardo da Vinci, Michelangelo e Caravaggio.