A polícia interrompeu, na madrugada de domingo, a maratona teatral "A Vida vai engolir-vos", de Tónan Quito, no Teatro Nacional Dona Maria II (TNDM), em Lisboa. Durante meia hora, as autoridades verificaram as condições sanitárias e a legalidade do espetáculo, surpreendendo o público, o elenco e o diretor do teatro, Tiago Rodrigues, que achou compreensível a interrupção, dada a hora tardia e inusitada a que a peça estava a decorrer.
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O espetáculo, que tem 10 horas de duração, congrega quatro peças de Anton Tchékov: "A gaivota", "Três irmãs", "O tio Vânia" e "O ginjal". A primeira parte tinha decorrido no Teatro Municipal S. Luiz, onde começou às 19 horas, e tinha o fim previsto às 6 horas, no TNDM, onde 198 pessoas (a lotação estava esgotada) assistiam à segunda parte, desde a meia-noite.
Mas, num momento mais próprio de um drama teatral, a maratona foi inesperadamente interrompida. Ao ver as luzes do TNDM acesas às quatro da manhã e percebendo que havia público no local, os agentes interromperam o espetáculo, para perceber se estavam a ser cumpridas as normas da Inspeção-geral de Atividades Culturais (IGAC) e as da Direção-geral de Saúde, dado o contexto pandémico.
"Às quatro da manhã, hora do último intervalo antes do último ato das quatro peças, dois agentes da polícia abordaram a equipa do teatro para saber se tínhamos autorização para estar a funcionar àquela hora e verificar se estavam a ser cumpridas as regras de saúde pública", explicou ao JN Tiago Rodrigues. "Ao ver que estávamos a cumprir todas as regras escrupulosamente e com grande rigor, e ao disponibilizar o licenciamento passado pela IGAC, pudemos retomar e acabar a sessão com uma ovação de pé do público", contou o diretor.
A interrupção durou meia hora e criou uma situação insólita. "Durante o intervalo, os atores continuam em cena e como fomos informando o público do que se estava a passar, no átrio, acabou por se criar uma excitação na apresentação, em que o público ia aplaudindo".
A maratona "A vida vai engolir-vos" segue viagem para o Porto, onde terá a primeira parte no Rivoli e uma segunda parte no Teatro Nacional S. João, no sábado.