A 42.ª edição do Festival Internacional de Cinema Fantástico do Porto anunciou este sábado os seus premiados. O certame encerra este domingo no Teatro Rivoli.
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O Júri Internacional da Secção Oficial de Cinema Fantástico atribuiu o Grande Prémio Melhor Filme à produção americana "Follow her" de Sylvia Caminer, a primeira longa de ficção de uma realizadora experiente. O filme conta a história de uma mulher que vive dependente dos vídeos que põe na internet e da quantidade de seguidores que amealha. Um dia, é convidada para ajudar a finalizar um argumento, o que a obriga a deslocar-se para um lugar remoto. Uma reflexão sobre a invasão de privacidade e os tempos modernos. "Follow her" recebeu também o prémio de Melhor Atriz graças ao desempenho de Dani Barker.
O Prémio Especial do Júri recaiu sobre "Barbarians", do realizador britânico Charles Dorfman, outra primeira realização de um experiente produtor, duas vezes nomeado para os Oscars ("O discurso do rei" e "A filha perdida"), com interpretações de Iwan Rheon (Ramsay Bolton de "Guerra dos tronos") e da nomeada para os Oscars Catalina Sandino Moreno ("Maria cheia de graça"). Adam e Eva vivem há pouco tempo no campo, numa quinta de luxo. Numa noite de aniversário recebem a visita dos amigos Lucas e Chloe. Até que uma inesperada e assustadora invasão acontece.
A Melhor Realização foi para Alejandro Hidalgo por "The exorcism of God". O filme conta a história de um padre americano chamado para realizar um exorcismo. Mas nada corre como é previsto e anos mais tarde ainda sofre as consequências do que fez. Hidalgo já tinha passado pelo Fantasporto em 2014 para a antestreia mundial da sua primeira longa, "A casa do fim dos tempos".
O húngaro Lázlo Attila Horváth recebeu o prémio de Melhor Ator em "Soulpark", sobre um homem que aparece nu na jaula dos crocodilos de um jardim zoológico, sem se lembrar como foi lá parar nem onde andou nos últimos três anos. Um polícia em pré-reforma e uma jovem investigadora vão tentar descobrir o que se passa.
O Melhor Argumento seguiu para o filme alemão "The house", história de uma estrela do jornalismo proibida de escrever por ter caído em desgraça. Ele e a mulher refugiam-se na sua casa na ilha, que possui tecnologia avançada e onde se julgam a salvo. À medida que a situação política piora, a casa transforma-se, de um refúgio seguro num poderoso adversário.
Os Melhores Efeitos Especiais ficaram com o chinês Fang Yi por "Annular eclipse". Em 2030, numa metrópole que lembra "Blade runner", o filme conta a história de um assassino, Ge, que tenta recuperar a memória ao mesmo tempo que executa missões para a sua organização. U
A Melhor Curta-Metragem Fantasporto foi para a israelita "Fledge", de Hanni Dombe, e a Menção Especial do Júri para o japonês "The good father" de Sho Kataoka.
Casamentos arranjados no Afeganistão
Na 32ª Semana dos Realizadores, venceu o Grande Prémio "Jacinto" do espanhol Javi Camino. A vida pacata de uma aldeia galega é abalada pela chegada de uma filha de terra e da sua amiga sueca, ambas pertencentes a uma banda de heavy metal. Para Jacinto, um jovem com uma deficiência mental que acredita no padre da terra, elas são o diabo em pessoa.
O Prémio Especial do Júri foi atribuído a "Saralish" de Yaser Ahmadi e Behrooz Bagheri, uma produção do Afeganistão e do Irão. "Saralish" significa "casamento arranjado". No Irão rural de hoje, uma menina, Anar, é trocada por outra, Tara, sem qualquer intervenção das mães, e torna-se mulher de um homem velho. E quando uma afegã que viveu na Alemanha regressa à aldeia para resolver o seu próprio casamento arranjado ainda no ventre da mãe, a sorte de todas as mulheres da terra só piora. O filme recebeu também a distinção de Melhor Atriz (para Atena Agha Aliyan).
O prémio de Melhor Realizador foi atribuído ao sul coreano Yoon Jong-seok por "Confession". Um homem casado com a filha de um magnata tem um acidente de carro quando regressa com a amante de um encontro amoroso. Nesse acidente morre um homem. Tentando encobrir o sucedido, ele e a amante inventam uma história. É depois que as coisas complicam-se a sério.
O Melhor Argumento seguiu para o húngaro Maté Fazekas, por "Eviction" , sobre um ambicioso oficial de diligências a quem entregam um caso de despejo, uma casa onde vive uma senhora de idade que se recusa a sair.
Na secção Orient Express, foi considerado Melhor Filme "Escape from Mogadishu" do sul coreano Seung-wan Ryoo. "Baby assassins", do japonês Yûgo Sakamoto, conquistou o Prémio Especial do Juri.
No Prémio Cinema Português, o Melhor Filme foi "Misericórdia" de Gonçalo Loureiro.
Além destes galardões, a crítica elegeu o filme alemão "The house" como a melhor obra a concurso. Já o Prémio do Público foi atribuído a "Follow her".