Aniversários, tributos, biografias. Hoje é um dia igual a todos os outros e, por isso mesmo, tão único e diverso que até dispensa eventuais agruras causadas pela aproximação outonal.
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Nascidos em países diferentes, Alberto Manguel e Richard Zentih têm imensos elos em comum. Leitores vorazes, escolheram Portugal para viver e são pessoanos convictos. Na mais recente edição da "Literary Review", é possível lermos (https://literaryreview.co.uk/strange-case-of-dr-nabos-mr-reis) uma recensão crítica de Manguel à biografia escrita por Zenith, intitulada "Pessoa: an experimental life", em que defende que os heterónimos do poeta tinham vida própria.
Cineasta mais citado do que efetivamente conhecido, Michelangelo Antonioni é todo um tratado. Sobre o autor de "O deserto vermelho", Martin Scorsese afirmou certa vez que o italiano "libertou o cinema". Das garras do neorrealismo, em primeiro lugar, mas também do excessivo apego às convenções. Todos esses atributos justificam que se preste especial atenção ao ciclo que, entre esta quarta-feira e o próximo dia 9, os teatros do Campo Alegre e do Rivoli vão acolher. São nove cópias digitais restauradas que vão poder ser vistas, cobrindo um arco temporal superior a três décadas, tão longo quanto impactante.
Para quem foi adolescente nos já longínquos anos 1990, Sharon Stone era o protótipo de uma perfeição que não se esgotava num qualquer cruzar de pernas mais ou menos maroto. Mesmo afastada da ribalta, a atriz manteve intacto o seu papel de relevo na indústria cinematográfica, até porque a capacidade de Hollywood fabricar novos mitos já conheceu melhores dias. Na autobiografia "A beleza de viver duas vezes", que agora chega a Portugal pela Guerra e Paz, Stone pouco deixa por dizer. Das acusações de discriminação que faz a figuras como Michael Douglas ou Paul Verhoeven aos episódios de violência física e psicológica sofridos na adolescência, há material suficiente para garantir uma leitura... entretida.
Hoje é também o dia de António Lobo Antunes, que completa 79 anos. Dotado de um génio quase tão grande como o seu ego, o autor de tantos e tantos livros essenciais persiste no seu demolidor afã criativo, escrevendo febrilmente com a certeza de que, ao fazê-lo, consegue afastar o espetro da finitude (e quem somos nós para duvidarmos?). Enquanto aguardamos pelo seu próximo romance, podemos sempre revisitar as suas crónicas, agora reunidas num novo volume.
Quem não aprecia um fim de tarde imersivo entre a palavra dita e a música? "Explorando a fusão dos dois elementos com uma linguagem própria e contemporânea, com novos ambientes estéticos, incluído a exploração da arte da improvisação", Diogo Costa Leal e João Canedo, apresentam esta quarta-feira, no Porto (Rua do Teatro 133, Foz) uma performance poético-musical de visionamento mais do que recomendável.