Num mês de abril marcado pela liberdade, surge um canto que, sem ser um tributo ou homenagem a José Mário Branco, invoca a sua obra numa versão a capella. O Coliseu do Porto será palco esta sexta-feira à noite da estreia de "A força (o poder) da palavra - Um canto a José Mário Branco", do Canto Nono.
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O JN esteve à conversa com Fernando Pinheiro, um dos rostos deste octeto, para entender os contornos do novo espetáculo que agora apresentam.
Composto por quatro vozes femininas (Dalila Teixeira, Joana Castro, Diana Gonçalves e Daniela Leite Castro) e por quatro vozes masculinas (Lucas Lopes, Jorge Barata, Rui Rodrigues e Fernando Pinheiro), o Canto Nono soma já três décadas de atividade, sem qualquer instrumento em palco, atuando, como referiu Fernando, "sem rede".
Cerca de 19 desses anos, entre 2000 e 2019, foram passados com o próprio José Mário Branco no papel de diretor artístico do grupo. Após o seu falecimento em 2019, o grupo decide demonstrar o apreço e amizade que tinham por este grande nome da música nacional com o presente projeto.
"Nós queremos passar para o palco, com este espetáculo, a vivência que tivemos com ele durante quase 20 anos e num estilo desafiador, porque as vozes têm que compensar os instrumentos nos originais do José Mário".
Todos os temas apresentados têm cunho de músico portuense. Fernando Pinheiro explica como os "vários componentes" se conjugam para criar este espetáculo.
"Temos músicas compostas pelo José Mário para o Canto Nono, temos arranjos que fizemos das suas músicas e fomos também chamar companheiros que trabalharam muito com ele e dos quais gostava muito. Desafiámo-los a fazer um arranjo com um tema dele."
No passado dia 13 de abril, o Canto Nono lançou dois singles em antecipação deste espetáculo: "Do que um homem é capaz" e "Ronda do soldadinho". Estes temas emblemáticos de José Mário Branco têm arranjos do próprio feitos especialmente para este grupo acapella.
Fernando Pinheiro diz terem escolhido estas duas canções, pois, para além de representarem bem o trabalho do músico, mantém o caráter atual, apesar de terem sido escritas em extremos opostos da sua carreira.
"Estes dois temas demonstram a contemporaneidade da sua criatividade. A' 'Ronda do soldadinho' é um tema de 1969 e infelizmente está tão atual por falar da guerra. Escolhemos também a 'Do que um homem é capaz', que faz parte do último álbum do José Mário e, portanto, fomos quase aos dois extremos da criação".
O concerto "A força (o poder) da palavra - Um canto a José Mário Branco" tem início esta sexta às 21 horas. Este espetáculo ruma ao Teatro Maria Matos (1 de maio), em Lisboa, seguindo-se o Cineteatro Louletano (13 de maio), em Loulé. O octeto deseja poder levar este espetáculo a mais pontos do país.