Esta sexta-feira, há festa garantida na Bela Vista com os LCD Soundsystem a fechar o palco principal, mas até lá há nomes como Jungle, The Kills e Postal Service + Death Cab for Cutie para ouvir. Os Glockenwise, Emmy Curl e a surpreendente Olivia Dean já abriram as hostes.
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Ao nascer do dia desta sexta-feira, até o tempo parecia ter aderido em força ao mote do Meo Kalorama, que se assume como o último grande evento de verão, com sabor a despedida da época alta de férias, praia, e concentrações de milhares de pessoas com o basilar objetivo de ouvir e descobrir música.
O segundo dia da terceira edição do festival começou fresco e cinzento, mas apesar do vento ser presença constante no recinto, acabou por melhorar. Com muita gente a entrar ao final da tarde, nota-se que nunca seria nada que afastasse os visitantes daquela que poderá bem ser a data mais concorrida deste ano: afinal, há LCD Soundsystem, Jungle, The Kills, e muito mais no cartaz.
Para já, a receber os primeiros festivaleiros, diretamente de Vila Real, chegou ao palco San Miguel, Emmy Curl, artista já reconhecida do público e a promover o novo álbum "Pastoral”, sons de folclore transmontano misturado com música celta ou com sonoridades de world music, com tempo ainda para uma dedicatória cantada ao poeta Agostinho da Silva.
Num dia em que há muitos quilómetros para andar no recinto, já que o cartaz inspira constantes trocas de palcos e uma potencial e adivinhada crise de FOMO (fear of missing out), às 18.20 horas já o Palco Lisboa acolhia outro fenómeno bem nacional, os Glockenwise, grupo de Barcelos que oscila entre o rock pós-punk e o indie melódico.
“A banda sonora da nossa amizade”
Enquanto Nuno Rodrigues (voz), Rafael Ferreira (guitarra), Rui Fiusa (baixo) e Cláudio Tavares (bateria) atraíram um público crescente e curioso – afinal, muitos não os conheciam, mas iam ficando para os ver, o que é sempre o melhor dos elogios –, Olivia Dean já tinha gente à sua espera no palco principal, uma respeitosa quantidade de gente para a hora (18.35 horas), algo que surpreendeu até a própria cantora.
Dean, 25 anos deu um concerto bonito de ver e foi uma surpresa daquelas de que poucos dos presentes se esquecerão: já conhecíamos o seu percurso, o sucesso do primeiro disco de 2021, “Messy”, o reconhecimento da crítica, as nomeações a prémios, mas nunca a tínhamos visto ao vivo, e as expetativas eram altas.
No último concerto da sua atual tour, a artista provou porque é um fenómeno, porque faria sentido que voltasse, não daqui a muito tempo, a este ou outro festival num lugar de maior destaque – ouviram aqui primeiro.
É tudo: a voz quente e perfeita, e beleza indescritível, a soul aprimorada a fazer lembrar Alicia Keys ou Joss Stone, os toques de reggae, o cerrado sotaque britânico. Em palco com uma banda completa, com secção de sopros, Dean foi recebida por um já respeitoso e crescente séquito de fãs, daqueles que sabem as letras todas e a brindam, a cada pausa e oportunidade, com gritos.
Visivelmente feliz e aparentemente surpreendia pela receção, foi sendo extremamente comunicativa, e logo depois do primeiro tema, “Ok love you bye”, pergunta em português ao público se está “tudo bem?” e explica ser esta a sua primeira vez de sempre em Lisboa. Depois de “Echo”, diz ainda estar a achar o acolhimento “de loucos” a agradece a quem a for ver, confessando que não sabia se alguém a conheceria, ou iria de todo.
Mas muitos a conhecem, e prosseguem a cantar tudo, como em “Danger”, ou em “Be my own boyfriend”, que diz ser sobre o conceito do “outra metade”, no qual não acredita, já que cada pessoa é suficiente. “Eu vou cantar muito sobre amor, e amo o amor, mas amo-me mais a mesma”, adianta, tema que mantém em “Messy”, canção-título do disco de estreia, sobre como todos devem deixar se de preocupar “com as suas imperfeições”.
“Esta é a banda sonora da nossa amizade”, dizia, em inglês, um cartaz erguido por alguém a dado ponto no público, e há lá coisa mais bonita.
A partir de agora, adensa-se o cartaz e há ainda The Kills (19.40 horas, San Miguel), Jungle (20.45 horas, palco Meo), The Postal Service +
Death Cab for Cutie (22.05 horas, San Miguel) e ainda LCD Soundsystem (meia noite, palco principal), entre tantos outros, para ver.