Festival termina no próximo dia 17 em Lisboa.
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Com mais de duas dezenas de edições no currículo, o Monstra, festival de cinema de animação de Lisboa, sempre com o realizador e produtor Fernando Galrito à frente da equipa de programação, é já um momento esperado na oferta cultural da cidade nesta altura do ano e inscreve-se sem qualquer dúvida no panorama internacional dos festivais de cinema de animação.
Juntamente com o Cinanima, que se realiza há mais de meio século em Espinho, em novembro, é o reflexo também da dinâmica técnica e artística da animação portuguesa, muito apreciada por esse mundo fora.
Não deixa de ser significativo que o arranque oficial do festival, hoje à noite na Sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge, conte com as estreias mundiais de curtas-metragens portuguesas “A Menina com os Olhos Ocupados”, de André Carrilho, baseada no premiado livro do autor, e “Saudades… Talvez”, de José-Manuel Barata Xavier.
O festival não deixa de evocar os 50 anos do 25 de Abril, com a exibição de “A Revolução”, um projecto criado por alunos de escolas nacionais e internacionais, com olhares distintos sobre o que significa uma revolução democrática, e de “Esta é a Nossa História”, assinado por um colectivo de jovens sob alçada da Monstra e da Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea.
A sempre aguardada Competição Vasco Granja, dedicada à produção nacional, inclui os filmes “Páscoa”, de André Ruivo, “Sombras da Manhã”, de Rita Cruchinho Neves, “O Conto da Raposa”, de Alexandra Allen, “A Rapariga de Olhos Grandes e o Rapaz de Pernas Compridas”, de Maria Hespanhol, “Olha”, de Nuno Amorim, “A Rapariga Que Caminhava Entre a Neve”, de Bruno Carnide, “Sopa Fria”, de Marta Monteiro, “Motus”, de Nelson Fernandes, “O estado de Alma”, de Sara Neves, “Quase Me Lembro”, de Dimitri Mihajlovic e Miguel Lima, e “De Imperio”, de Alessandro Novelli.
A competição de longas-metragens alberga também uma coprodução portuguesa. “Mataram o Pianista”, de Fernando Trueba e Javier Mariscal, terá mais tarde estreia comercial em sala e acompanha um jornalista de Nova Iorque que inicia uma investigação para descobrir a verdade por trás do trágico e misteriosos desaparecimento do jovem virtuoso piano brasileiro Tenório Jr.
O relato origina uma jornada narrativa que irá comemorar a época da Bossa Nova brasileira e a liberdade criativa que caracterizou a raiz deste movimento, tendo como pano de fundo a contrastante brutalidade dos regimes ditatoriais que, nas décadas de 1960 e 1970 emergiram na América Latina.
A Irlanda é o país convidado da edição deste ano. Há algumas décadas um polo importantíssimo na produção animada mundial, trata-se de “um fórum de criatividade e de grande desenvolvimento na arte da animação”, como sublinha Fernando Galrito, sendo apresentados títulos como “Os Insectos”, de Jimmy T. Murakami, “Cuilin Dualach”, de Nora Twomey, e “Há um Monstro na Minha Cozinha”, de Tomm Moore e Fabian Erlinghäuser, além da longa-metragem “Wolfwalkers”, de Ross Stewart e Tomm Moore, exibida no quadro da retrospectiva dedicada ao estúdio mais representativo daquele país, o Cartoon Saloon.
Já este sábado, a Monstrinha, dedicada a filmes para os mais novos, revela, em ante-estreia, um episódio da série animada da RTP “O Diário de Alice”, de Diogo Viegas. Várias masterclasses e exposições completam o programa, que inclui a projeção de cerca de quatro centenas de filmes, nas salas do São Jorge, da Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, do Cinema City Alvalade e do Cinema Fernando Lopes.