
Nuno Cardoso, na apresentação do programa do Teatro Nacional de S. João
José Carmo / Global Imagens
Dezoito meses depois de Pedro Sobrado ter assumido a presidência do Teatro Nacional de S. João (TNSJ) e nove meses após Nuno Cardoso ter tomado posse como diretor artístico da instituição, chegou finalmente o momento de ambos anunciarem a programação que resulta do seu trabalho conjunto.
E os números para os próximos seis meses do TNSJ são fulgurantes. Estão previstos 27 espetáculos - quatro produções próprias, três em estreia absoluta, uma delas em Cabo Verde (ver caixa), 12 estreias e 11 coproduções. É um programa de "um teatro de elite para todos", sublinhou Sobrado, durante a apresentação de ontem, em que a ministra da Cultura, Graça Fonseca, reforçou também a importância do TNSJ: "Neste teatro, cabemos todos. É essencial ao país". O espírito de celebração manteve-se na intervenção de Nuno Cardoso, que lembrou o contributo do anterior diretor artístico, Nuno Carinhas, e assinalou a "afetividade e labor" do TNSJ, "um teatro com valores que nos unem à cidade, à região, ao país e ao Mundo".
A temporada abre com a primeira grande aposta de Nuno Cardoso, que encena, a partir de 18 de setembro, a "Morte de Danton", de Georg Büchner, espetáculo protagonizado por Albano Jerónimo.
A estreia da companhia Mala Voadora no "teatro nacional do Porto", em outubro, promete ser uma das mais provocatórias. A peça "Locker Room Talk" nasce da polémica frase do presidente norte-americano, Donald Trump - "grab them by the pussy"-, e encena uma conversa de balneário em que homens falam, sem filtros, sobre as mulheres. É uma encenação de Jorge Andrade, a partir de Gary McNair, programada para 4 e 5. Outubro traz também a Ao Cabo Teatro e o regresso de Shakespeare ao TNSJ. A companhia anteriormente dirigida por Nuno Cardoso conta agora com uma encenação de Luís Araújo sobre "A tragédia de Júlio César".
O TNSJ vai ser palco de duas apresentações do Festival Internacional de Marionetas do Porto, que mostra "Alecrim vs. Manjerona", da Jangada Teatro, com encenação de Ana Saltão e Rui Oliveira (17 a 20 de outubro), e "Alma Nómada", da companhia canadiana de Magali Chouinard.
Antes de entrarmos em 2020, o ano em que se comemora o centenário do TNSJ, que aliás será alvo de obras de reabilitação, outro espetáculo forte e em produção própria: o monólogo "Os nossos dias poucos e desalmados", do dramaturgo irlandês Mark O"Rowe, com encenação de João Cardoso (a 21 de novembro).
O ano abrirá com "Um Plano do Labirinto", da companhia de João Garcia Miguel.
Protocolo de cooperação com Cabo Verde internacionaliza Cardoso
Com a "ambição comum" de "ensaiar outras modalidades de colaboração e intercâmbio", como explicou Pedro Sobrado, o TNSJ assinou uma parceria com o Ministério da Cultura e de Indústrias Criativas de Cabo Verde, na presença da ministra da Cultura, Graça Fonseca, e do seu homólogo, Abraão Vicente. "Cabo Verde quer aprender e experimentar, absorver ao máximo todos os possíveis no campo teatral", explicou o governante africano, ontem, depois da cerimónia de assinatura. Dois espetáculos de Nuno Cardos serão exibidos nas ilhas de Santiago e São Vicente: "Achadiço" terá a sua estreia absoluta em Cabo Verde. E será também reposta a obra "Bella Figura", também de Nuno Cardoso, no Festival Mindelact.
Destaques
Club sub-18 e sub-88
Nesta temporada, o Teatro Nacional de S. João avança com a criação de dois novos clubes de teatro: um sub-18 e outro sub-88, para visitar as obras de de Gil Vicente e de Fernando Pessoa.
Programa infantil
Tendo em vista o público infanto-juvenil, além da oficinas do serviço educativo, haverá dois espetáculos. "Ver a Odisseia para chegar a Ítaca", que decorrem entre 9 e 12 de outubro, e "U", que estará em cena de 6 a 9 de fevereiro de 2020.
Projeto editorial
2019 marca o lançamento do novo projeto editorial do TNSJ com a editora Húmus, "Empilhadora". Os dois primeiros volumes serão editados já em novembro, com obra de Stanley Carvell.
