Alberto Carneiro é um dos artistas em destaque na exposição que assinala os 50 anos do CAC.
Corpo do artigo
A passagem de Alberto Carneiro (PT, 1937-2017) no final da década de 1960 por Londres, depois da sua formação académica na Escola de Belas-Artes do Porto (hoje FBAUP), colocou-o no epicentro da eclosão da arte conceptual e na partilha da atração que viveram os jovens artistas ingleses pela natureza como matéria e tema da arte. O texto “Notas para um Manifesto de Arte Ecológica”, escrito entre dezembro de 1968 e fevereiro de 1972, assimila essa experiência londrina do artista, nascido em São Mamede do Coronado, atualmente concelho da Trofa, num contexto rural e marcadamente religioso. Alberto Carneiro começa, aliás, por se tornar aprendiz um de um mestre santeiro e será com grande sacrifício pessoal que fará a sua formação artística, nunca se desvinculando do seu lugar de nascença, no seu apego à natureza.
As suas “Operações estéticas” de 1973, registadas através de fotografias e apontamentos feitos pela mão do artista, antecedem a criação da emblemática obra “O Canavial: Memória metamorfose de um corpo ausente”, apresentada na exposição “Alternativa Zero – Tendências Polémicas da Arte Portuguesa Contemporânea” de 1977. Mas o caminho até 1977 faz-se deste trabalho experimental pré-Revolução a que Jaime Isidoro (PT, 1924-2009) soube dar devida guarida e importância. Não é por isso de estranhar que a exposição “CAC 50 anos – A democratização vivida!”, patente no Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR), no Porto, e que assinala o momento da morte e renascimento daquele lugar em tempos de Revolução, tenha Alberto Carneiro e as suas “Operações estéticas” em destaque.