500 anos de Camões: o poeta clássico ainda nos ajuda a compreender o mundo de hoje
"Tesouro da língua", Camões "ensina-nos a brevidade do fulgor da vida", defendem especialistas na sua obra.
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Anos a fio “a mastigar as orações de ‘Os Lusíadas’, nessa tortura estruturalista de sujeitos e predicados”, como afirma a poetisa Margarida Vale do Gato, fizeram de Camões um autor, no mínimo, pouco apetecível aos olhos de sucessivas gerações de alunos.
Mas, tal como muitos dos mitos postos a circular sobre a sua vida, esta também é uma visão frágil, que não resiste a uma leitura atenta. Afinal, o confronto direto com a obra camoniana, sobretudo a lírica, dispensa grandes “mediações académicas”, afirma o professor e ensaísta Frederico Lourenço, que garante nunca ter encontrado, em 40 anos de vida universitária, alguém que lhe tenha dito que não gostava de Camões.