Minissérie de Danny Boyle para o Disney + recria a história e o contexto dos Sex Pistols.
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Duraram dois anos e meio e lançaram apenas um álbum, mas a marca deixada pelos Sex Pistols reflui ainda na música, na moda, numa certa atitude de insubmissão e desfaçatez e na ética do "faça você mesmo", que encorajou inúmeros músicos a avançarem para uma carreira sem se importarem com os ditames da indústria - "Qualquer um pode ser um Sex Pistol", postulavam os londrinos. A sua história é cheia de peripécias, algumas divertidas, outras perigosas, e acaba em desgraça, com a banda fraturada e o baixista Sid Vicious afundado na dependência da heroína.
Foi este o material usado por Danny Boyle para realizar os seis episódios de "Pistol", série estreada em maio na plataforma Fx on Hulo e que poderá ser vista com legendas em português a partir de 17 de agosto no Disney+. A perspetiva sobre o grupo que esteve no epicentro do fenómeno punk é dada pelo livro do guitarrista Steve Jones "Lonely Boy: Tales from a Sex Pistol", adaptado por Craig Pierce, um dos argumentistas de "Elvis". O elenco que inclui Anson Boon (Johnny Rotten), Louis Partridge (Sid Vicious) ou Toby Wallace (Steve Jones) executa todas as partes musicais, o que confere um sentido de caos em linha com o espírito da banda, como na recriação do concerto na prisão de Chelmsford, em 1976, feito de tensão e de uma estranha catarse.
As críticas têm chovido sobre "Pistol". Desde logo através de John Lydon, o vocalista que tentou impedir a utilização das canções dos Pistols na série (perdeu o contencioso com os outros membros da banda, que autorizaram o uso da música) e a classificou como "a cagada mais desrespeitosa que tive de aturar". Mas se a reação de Lydon (ex-Rotten) é previsível e duvidosa, publicações como "The Guardian" ou "Pitchfork" argumentam sobre a transformação de todo aquele universo num "cartoon" e sobre algum excesso de explicações. Talvez o cânone se tenha estabelecido com os filmes de Julien Temple "The great rock 'n' roll swindle" e "The filth and the fury", mas "Pistols" poderá despertar a curiosidade das novas gerações para o mais disruptivo momento da pop no século XX.