Peça do encenador Marcelo Lazzaratto estreia esta sexta-feira no Teatro Helena Sá e Costa, no Porto. Tem perfume de polémica sobre a situação de pessoas sem-abrigo.
Corpo do artigo
Atores com sede, envolvidos em projetos cobiçosos, completamente entregues a uma vontade consciente de criar - e de mudar o mundo. É a premissa de “A céu aberto”, uma produção de teatro comunitário da Sêde, que esta sexta-feira, às 21 horas, estreia no Teatro Helena Sá e Costa, no Porto. No sábado há nova récita, à mesma hora.
Carregada de “ironia ácida”, como caracteriza o encenador Marcelo Lazzaratto, a história que sobe a palco incide sobre pessoas em situação de sem-abrigo e promete agitar consciências e sensibilizar aqueles que pouco veem da realidade que os rodeia.
“Está na perspetiva de quem vê e não de quem é”, esclarece ao JN Tomás Bravo, coprotagonista da peça de teatro e dança.
Num universo imaginário, apelativo à nostalgia portuense, dois amigos dão luz à escassez de habitação, criando a “Tour da compaixão”.
Distópico, o enredo tem perfume de polémica: é montado um negócio que monopoliza histórias de pessoas em situação de sem-abrigo, sendo-lhes prometido que quem carregar mais tragédia é premiado com uma casa.
Tomás Secura Bravo e Jaime Castelo Branco encarnam os dois amigos e apresentam-se com o mesmo nome como personagens carregadas de dualidades.
Este projeto foi construído a partir da recolha de testemunhos reais de pessoas que já estiveram na condição de sem-abrigo na cidade do Porto – o que foi possível pela parceria com a associação Saber Compreender.
Alexandra Moreira, dramaturga e autora de “A céu aberto”, em conversa com o JN, partilha que durante a investigação se deparou com uma realidade abismal.
Apercebendo-se que para fazer jus ao assunto em mãos, precisava de se focar “muito mais sobre as pessoas que efetivamente têm poder para ajudar, mas que, na verdade, são as primeiras a virar a cara quando alguém pede ajuda na rua”.
Ver “A céu aberto” abre portas para novos pensamentos, fazendo perceber como “a vida é mais complexa do que imaginamos”.
Após o espetáculo, os criadores disponibilizam-se para uma conversa com os espectadores. Os bilhetes custam 7,50 euros.

