"A colónia", de Marco Martins, recupera memórias de filhos de presos políticos do Estado Novo. Em cena no Teatro São João, no Porto, entre hoje e 26 de janeiro.
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“A partir de certo momento, depois do 25 de Abril, deixou de se falar em presos políticos, na clandestinidade e na tortura. É importante que estas histórias não desapareçam. Somos todos responsáveis por transmiti-las.” Marco Martins interessou-se particularmente por uma dessas histórias ocorridas antes da Revolução. Recuperou-a através de testemunhos pessoais e de visitas aos arquivos da Torre do Tombo. Esse trabalho materializou-se em “A colónia”, espetáculo que sobe hoje ao palco do Teatro São João, no Porto.
É uma história pouco conhecida, que o realizador de “São Jorge” descobriu através de uma reportagem publicada na revista do “Expresso”, em 2022, por Joana Pereira Bastos, intitulada “As férias da liberdade”. Ali se relata o episódio da colónia de férias criada em 1972, nas Caldas da Rainha, onde 18 crianças, “brutalmente marcadas pela prisão dos pais e com um passado de clandestinidade, sofrimento e solidão, aprenderam, pela primeira vez, a brincar e a ser livres”, escreveu a jornalista.