"A Espia", nova série de ficção da história nacional na II Grande Guerra, estreia hoje
"A espia", coprodução da RTP, recria a batalha silenciosa das grandes potências no Portugal neutro dos anos 40.
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O custo a rondar os 250 mil euros por episódio, os três editores necessários para trabalhar as imagens depois das gravações, uma atriz com o perfil internacional de Daniela Ruah e, recorda Jorge Paixão da Costa, as cerca de 12 vezes que o realizador viu cada um dos oito capítulos, ilustram a "dimensão" do projeto e a "responsabilidade" que implicou rodar "A espia", a nova série que a RTP estreia hoje, às 21 horas.
"E de todas as vezes que vi os episódios, a montagem sofreu alterações", recorda ao JN o realizador, o nome nacional mais experiente na condução de ficção histórica - tem no currículo "A Ferreirinha" (2004), "Mistérios da estrada de Sintra" (2007) ou "Soldado Milhões" (2018) - e um dos poucos à altura da exigência da produção.
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"A espia", cuja rodagem de dez semanas em 2019 passou por Lisboa, Porto, Figueira da Foz ou Santiago de Compostela, é centrada na batalha silenciosa que se travou por cá durante a II Guerra Mundial, apesar da mansa neutralidade anunciada pelo regime.
Nesse período, foi intensa a atividade de espionagem em território nacional operada pelas potências em confronto. A nova série abre um olhar credível sobre esse jogo de enganos, executado nas sombras por profissionais e por cidadãos normais, puxados pelas redes clandestinas e obrigados a lutar pela sobrevivência.
mulheres corajosas
Entram em cena Maria João Mascarenhas (a personagem de Daniela Ruah) e Rose Lawson (interpretada por Maria João Bastos). As duas com um contexto de privilégio, ambas (sem spoilers) a usar as suas cartadas num tabuleiro que se vai montando, com discernimento e paciência, em cada episódio.
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"A Rose é uma mulher corajosa, destemida, muito cheia de artimanhas, muito sensual e que vai usar todos os seus atributos para conseguir o que quer", explica Maria João Bastos ao JN, reivindicando para a sua personagem, uma inglesa de uma família rica do Porto a atravessar dificuldades, o gosto pelo risco. Rose aceita colaborar com os ingleses, em troca de ajuda para pagar a hipoteca. É ela quem vai recrutar a sua melhor amiga, Maria João, para a ajudar.
Rose e Maria João encontram-se a certo ponto com o engenheiro alemão Siegfried Brenner, responsável por uma mina de volfrâmio (material essencial ao esforço de guerra) e uma personagem inicialmente contida, mas "com um arco narrativo" que entusiasmou Diogo Morgado. Portugal tem "uma História tão rica", que seria "criminoso", diz o ator, não aproveitá-la para fazer boa televisão. "E atraiu-me a ousadia da produção", acrescenta, uma opinião que é partilhada por todos. "Esta série tem qualidade para a internacionalização", acredita Paixão da Costa.
"A espia" foi produzida pela Ukbar Filmes, em coprodução com a RTP e a Ficción Producciones, com apoio do ICA e PIC Portugal.