Hoje é um dos dias mais dramáticos da história portuguesa. Mas não pelo facto das árvores, luzes e enfeites voltarem às caixas durante os próximos 11 meses e por se acabarem oficialmente as músicas com sinos nos elevadores e nos supermercados.
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A partir de agora só se cantam as Janeiras. Resgatámos a interpretação de José Afonso, num concerto em 1983, do "Natal dos simples", uma das canções portuguesas mais bonitas sobre esta época do ano.
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Também outros artistas portugueses, como Amália Rodrigues, gravaram versões deste tema.
O dia de hoje é também dos mais determinantes para a cultura portuguesa. Além da morte do antigo presidente da República Mário Soares, nesta data assinala-se o assassinato de D. Inês de Castro. Em 1355 morria, em Coimbra, aos 30 anos, às mãos dos assassinos enviados pelo rei D. Afonso IV, o amor de D. Pedro.
Não há outra história de amor portuguesa que tenha dado azo a tantas criações literárias como esta. Um dos últimos livros, lançado há meses, foi "Inês de Castro - Um tema português na Europa", de Maria Leonor Machado de Sousa. Entre outros, também Rosa Lobato Faria lançou o livro "A trança de Inês" sobre este drama.
Hoje é o dia perfeito para fazer uma visita à Quinta das Lágrimas e encontrar "A fonte das lágrimas", o símbolo do amor trágico de Pedro e Inês, onde está inscrita a estrofe d""Os Lusíadas" pela qual Luís de Camões imortalizou o romance.
No teatro, António Ferreira (1528-1569) destacou-se com a tragédia "A Castro". Esta tragédia é uma das mais felizes tentativas quinhentistas, em toda a Europa ocidental, de ressurreição da tragédia grega. E este foi o caminho perseguido por Nuno Cardoso, diretor do Teatro Nacional São João (TNSJ), no Porto, com a sua "A Castro", em cena durante o ano passado.
Enquanto "A Castro" não regressa à cena, nos teatros nacionais, poderá assistir a uma dupla imbatível da tragédia, este fim de semana, na programação do teatro com "As três irmãs" de Anton Tchékhov, levado à cena pelo Ensemble no Teatro Carlos Alberto, também no Porto; e "Qui à toué mon pére", de Édouard Louis, com encenação de Stanislas Nordley, no TNSJ.
"De Espanha nem bom vento nem bom casamento". O pânico político com o reino de Castela sempre levou a que todas as alianças e amores entre estes dois países fossem boicotados. A mãe de Inês de Castro era portuguesa e o seu pai espanhol. Também de Castro Marim, no Algarve, saiu Lucia Gomes, mãe portuguesa de um espanhol que foi o melhor guitarrista do Mundo: Paco de Lucia. Eis o mítico fandango "Castro Marim", dedicado àquela localidade:
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