
Monumento aos heróis da Guerra Peninsular
Amin Chaar/Global Imagens
Apesar de ao longo da História não termos sido exatamente os melhores amigos (graças a isso temos as tripas à moda do Porto), a influência francesa na cultura portuguesa é inegável. Tal como o gato maltês que "tocava piano e falava francês", os códigos daquele país eram, numa certa época, sinónimo de ascensão social. França também serviu de modelo cultural aos portugueses, não só pelos galicismos usados em meios artísticos (vernissage, finissage, plateau) como no quotidiano, como boné ou puré. A influência na literatura, na arquitetura, nos jardins, na música, na dança clássica e até na culinária é notória. Para não falar do fantasma da política cultural nacional, vulgarmente conhecido como o "modelo francês", um amor platónico.
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No dia 26 de fevereiro de 1802 nascia Victor Hugo, poeta, dramaturgo e estadista francês. Autor dos romances "O homem que ri", "O corcunda de Notre-Dame", "Cantos do crepúsculo", entre outras obras célebres obras. Grande representante do romantismo, foi eleito para a Academia Francesa e teve uma carreira notável. Em testamento deixou 50 mil francos aos pobres, os mesmos sobre os quais escreveu na sua obra mais famosa, "Os miseráveis", romance emblemático da literatura francesa que descreve a vida dos desafortunados em Paris e na França provincial do século XIX, tendo como protagonista Jean Valjean. Uma boa sugestão para entrar no fim de semana é a leitura dos seus livros, que têm várias edições em português.
A história de Jean Valjean apaixonou gerações em todo o Mundo e converteu-se, entre outras coisas, num conhecido musical. Veja aqui a versão do West End londrino de "Les misérables":
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Outra das suas personagens mais conhecidas é o corcunda de Notre-Dame. Aqui deixamos a sugestão de ver esta versão em filme dos anos 1920, onde se pode ver a Catedral de Notre-Dame, em todo o seu esplendor, décadas antes do incêndio que destruiu a pérola do gótico.
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Também neste dia, em 1808, faleceu outro referente da cultura francesa: Honoré Daumier (1808-1879), pintor e ilustrador, a quem chamavam à época o Michelangelo da caricatura. Atualmente é considerado um dos mestres da litografia e pioneiro do naturalismo. Paula Rego realizou na sua Casa das Histórias, em Cascais, no final de 2013, a exposição "Paula Rego/ Honoré Daumier: Mexericos e outras histórias". Catarina Alfaro, curadora, explicou que o diálogo foi possível através da colaboração do colecionador Juan Espino Navia, que disponibilizou a sua coleção de litografias de Daumier, publicadas na sua maioria no jornal satírico francês "Le Charivari", para que fossem vistas e escolhidas pela artista portuguesa para integrarem a exposição.
Aqui pode consultar alguns dos trabalhos da coleção particular: https://www.pinterest.pt/pin/407012885073273544/
Com medo de tanta apropriação, Amália Rodrigues cantava "Lisboa não sejas francesa":
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Mas anos antes, na Rotunda da Boavista, no Porto, era erigido o Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular, do arquiteto Marques da Silva, executado pela Cooperativa dos Pedreiros. O monumento tardou quase 50 anos a ser concluído, devido à morte do escultor original, Alves de Sousa. A obra representa as forças de Napoleão (a águia) esmagadas pelas tropas inglesas que ajudaram os portuenses (o leão). Também na Praça de Entrecampos, em Lisboa, há um outro Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular, dos irmãos Francisco e José Oliveira Ferreira.
Para terminar as sugestões desta sexta-feira, eis a narração do poema "Balada da neve" de Augusto Gil, nome maior da literatura portuguesa, falecido num 26 de fevereiro.
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