Estreia esta quinta-feira nos cinemas o comovente filme “Rabiye Kurnaz vs. George W. Bush”.
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Até hoje, se lhes puserem à frente os nomes de Rabiye Kurnaz e de George W. Bush, a esmagadora maioria das pessoas só reconheceria um deles. A partir de agora, não só é possível identificar os dois, como a empatia por Rabiye Kurnaz será muito maior da que possamos - ou não, quem sabe? - sentir pelo antigo presidente dos Estados Unidos da América.
“Rabiye Kurnazz vs. George W. Bush” é uma história de vida, um caso do cidadão contra o sistema, da busca pela verdade, da entrega de uma mãe que tudo fará pelo seu filho.
Na origem da história está Murat, um jovem de uma família turca, emigrada na cidade alemã de Dresden, preso por suspeitas de pertencer a uma rede terrorista e que acaba por ir ter à famigerada prisão de Guantánamo.
Com a ajuda de um advogado de direitos humanos sem medo, Rabiye Kurnaz, a mãe, irá até ao fim do mundo, mesmo que este seja personificado pela Casa Branca e pelo seu habitante à época, George W. Bush, contra quem move uma ação legal, para provar a inocência do filho e assegurar a sua libertação. Não sem que antes tenha de passar pela tremenda e ignóbil desilusão de esperar o regresso do filho e verificar que o preso libertado era outro…
“Rabiye Kurnazz vs. George W. Bush” conta-nos precisamente esta história. O filme é realizado por Andreas Dresen, um veterano, prolífero e competente cineasta alemão, que tem aqui o condão de não “estragar” a espantosa e inacreditável história que tem entre mãos, oferecendo todo o protagonismo à atriz escolhida para o papel, Meltem Kaptan.
Conhecida sobretudo como comediante e na televisão, a atriz alemã, também de origem turca, capta toda a dimensão da personagem, a sua força de vontade mas também o seu espírito, a sua impaciência mas ao mesmo tempo a aceitação da estratégia que o seu advogado lhe propôs seguir. Não admirou pois que tenha vencido o prémio de interpretação em Berlim.
Fica assim um retrato de mulher, de mãe, de verdadeira “chefe de família”, mas também um olhar umas vezes duro, outras divertido, sobre o mundo da política internacional. O título pode soar estranho, mas é seguramente um dos filmes do ano que nos faz rir e chorar, ao mesmo tempo.