8.ª edição do Festival Indie Júnior no Porto enfrenta a plateia mais temida por todas: a das crianças. Prémio do Público teve competição renhida
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Não há público mais impiedoso do que o infantil. Primeiro porque não tem filtros sociais, segundo porque tem uma capacidade de encantamento maior do que o adulto e, terceiro, porque a sua capacidade de concentração é menor.
A sessão deste sábado decorreu no Batalha Centro de Cinema, no Porto, perante uma plateia que esgotou todos os lugares disponíveis.
No programa constavam sete curtas-metragens, todas sujeitas à avaliação destes implacáveis jurados maiores de três anos. Do barómetro devia constar um parâmetro fisiológico: cada vez que na sala se levanta um coro de “eu não aguento mais, tenho mesmo de fazer chichi”, o que não raras vezes é sincronizado entre elementos não familiares entre si, é sintomático de que o filme pouco vale. E sucede-lhe uma fila de pais corcovados a soprar desculpas na sala de cinema.
Palmas para “Mamã Pilha”
A maioria das curtas apresentadas era de produção europeia, sendo a russa a mais destacada; já a narrativa central é baseada em torno dos laços familiares. Mas, a grande ovação da manhã foi para a engenhosa curta sul-coreana “Mamã Pilha”, de animação de volumes.
A “Mamã Pilha” salva crianças ativando alarmes de incêndio na escola, ou acionando qualquer tecnologia, como máquinas fotográficas, batedeiras e outros objetos quotidianos, tornando-se numa verdadeira heroína, salvando toda gente. No fim do dia, a “Mamã Pilha” volta a casa onde a esperam os filhos pilha.
A pérola foi realizada por Seungbae Jeon, e é uma sequela da curta “Papá Pilha”, de 2022.
No outro extremo da linha de gosto esteve “O Papá é grande e eu sou pequena” , ficção de Anya Ru e Masha Rumyantseva. “Detesto esta história, esta história é muiiiito triste”, diziam as crianças indignadas e algumas chorosas com a dramática partida do pai. Já se a medida de aceitação for em risos, “A estação certa”, de Maria Rakitina, vai seguramente vencer. Duas cenas cruciais: um pássaro que põe ovos no cocuruto da cabeça de um homem calvo; e um homem que coça os genitais. Gargalhadas, vergonha e nojo em doses equivalentes – mas muito riso a ecoar.
A curta rainha dos meios sorrisos foi a francesa “Ser irmãs”. Os irmãos sentados na plateia trocavam olhares descarados de cada vez que aparecia retratada uma luta fraternal. No final da sessão todos quiseram votar no Prémio do Público – os vencedores são hoje revelados.
Ainda durante a manhã, no Café Batalha decorreu a oficina de Tânia Dinis “Nas entre linhas”. Completamente lotada, reuniu crianças à volta de arquivos de fotografias, jornais e outros documentos, ensinando os petizes a animar palavras, objetos e sons.
Curtas familiares
O Batalha Centro de Cinema como núcleo nevrálgico do Indie Júnior tem este domingo cinco sessões de curtas. A primeira começa logo às 10 horas da manhã. Às 16.15 horas há também o filme-concerto “Sons da Liberdade”.
Os mais pequenos
A Sala Novo Ático, no Coliseu Porto Ageas, recebe três sessões do cinema de colo (10.30, 11.15 e 12 horas) para os bebés. Para todas as idades, há uma sessão às 10 horas no Museu Nacional Soares dos Reis, com a iniciativa “Quadros felizes”.
Matiné dançante
Para encerrar a festa do Indie há uma matiné dançante, às 17.30 horas, no Café Batalha. A mestre de cerimónias será a DJ Miss Playmobil que, munida de uma bola de espelhos, promete animar a pista de dança. A entrada é gratuita.