Estreia nesta quinta-feira nas salas portuguesas a trilogia realizada pelo mestre documentarista chinês.
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É um dos grandes acontecimentos cinematográficos do ano. Estreia nesta quinta a trilogia “Juventude”, de Wang Bing, composta pelos capítulos “Primavera”, “Tempos Difíceis” e “Regresso a Casa”. São, no total, mais de dez horas de cinema sobre jovens chineses que se deslocam para uma zona específica do país, para trabalhar em empresas têxteis de dimensão familiar.
Wang Bing é um dos cineastas chineses mais reputados do momento e um dos grandes documentaristas da atualidade, tendo levado estes três filmes respetivamente a Cannes, Locarno e Veneza, um feito raro e que mostra bem o prestígio do cineasta no meio internacional. Antes, dentro da mesma lógica de acompanhamento intensivo das suas “personagens”, já víramos por cá filmes como “A Fossa” ou “Três Irmãs”.
No primeiro filme, “Primavera”, Wang Bing instalou a situação e desenvolveu o dispositivo fílmico. Estamos em Zhili, a 150 quilómetros de Beijing, É uma cidade dedicada à manufatura têxtil, com jovens trabalhadores a chegar de todas as regiões rurais atravessadas pelo rio Yangtze. Dividem dormitórios, comem nos corredores, trabalham incansavelmente para um dia poderem criar um filho, comprar uma casa ou montar a sua própria oficina…
A história continua com “Tempos Difíceis”. Uma jovem é gozada pelos erros que comete, um outro não recebe porque não consegue encontrar o caderno onde anota os seus trabalhos, numa outra fábrica o patrão sumiu com o dinheiro. Há brutalidade policial, detenções, medo. Os trabalhadores regressam a casa para celebrar o Ano Novo…
O ciclo termina com “Regresso a Casa”. Os trabalhadores que não foram celebrar o Ano Novo enfrentam dificuldades para receber o fruto do seu trabalho. Mas há quem aproveite para se casar. Há uma nova geração de trabalhadores no país. E uma nova China a despertar…
Os filmes aí estão, à espera do seu olhar. Que descobrirá uma outra faceta da China e um dos grandes autores do cinema contemporâneo. A experiência é verdadeiramente única.