Em dia e meio de carro chega-se lá e para tão curta viagem o choque cultural é, felizmente, assinalavel: Marraquexe é provavelmente a mais inebriante de todas as cidades marroquinas.
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Um dos seus grandes encantos reside na Praça Djema El Fna que todos os dias, a partir das cinco da tarde, ganha uma dinâmica explosiva onde se misturam restaurantes ambulantes, encantadores de serpentes, músicos, acrobatas, curandeiros, feiticeiros, vendedores de caracóis, carteiristas, contadores de estórias e muito mais. No meio da azáfama é possivel ver cenas como os espantosos combates de boxe infantil, com crianças ao soco perante o entusiasmo da multidão à volta, em roda. A cidade tem ainda a vantagem de estar a cerca de uma hora do Oceano Atlântico ou, noutra direcção, a cerca de três horas do início do deserto do Saara.
Uma ida a Marraquexe deve ser sempre seguida de uma visita ao deserto, como tão bem ilustra Théodore Monod no seu livro "Os navegantes do deserto" . Se acaso lá for, não deixe de procurar discos dos Nass El-Ghiwane, provavelmente a mais adorada de todas as bandas marroquinas. Fazem música desde o final dos anos 60 e laboram um ritmo hipnótico - cordas e percussão - acompanhado por poesia com um pé no místico e outro no intervencionismo politico . Encontrar discos da banda é bastante fácil . O simples acto de um estrangeiro referir o nome Nass El-Ghiwane desencadeia ondas de simpatia nos marroquinos orgulhosos pelos seus artistas. Aconselha-se a compra de todos os discos - sim, todos, pelo preço de um cd numa FNAC compra a discografia toda dos Nass El-Ghiwane nas ruas de Marraquexe. E depois pode partir para o deserto com a melhor das bandas sonoras.