25 VOLTS regressa ao Porto a partir de terça-feira e tem 12 espetáculos no cardápio
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O 25 VOLTS - Encontro Internacional de Artes Performativas regressa ao CACE Cultural do Porto, a partir de terça-feira e até dia 6, para a sua sexta edição. São 12 espetáculos e trabalhos em progresso, internacionais, de entrada gratuita, com a curadoria de Pedro Vilela. No extenso programa há um espetáculo, logo no dia da abertura, às 21.30 horas, que se destaca: "Monga", da brasileira Jéssica Teixeira.
A produção inspira-se em Julia Pastrana, a mulher mexicana que padecia de hipertricose e que, no século XIX, foi exposta em feiras como um monstro, uma mulher-macaco, corpo para olhar e explorar. Em cena, essa memória de violência é devolvida ao público, como um espelho em que vê, mas é também visto.
"Monga" é um confronto que ironiza os discursos inclusivos que acariciam de longe, mas não transformam, rasgando a cortina da compaixão superficial. Em março, a obra venceu o Prémio Shell de Teatro para a Melhor Direção. Um reconhecimento raro para uma artista tão jovem, e que confirma que esta criação é uma centelha para a revolução. A obra passou do Brasil para França, Suíça, Alemanha, Itália e estreia agora no Porto.
Também na terça-feira, às 20 horas, na abertura do Encontro será apresentado "Mant(r)a", de André Braga e Cláudia Figueiredo (diretores do 25 VOLTS), um processo criativo, herdeiro de "Cratera", onde o objeto cenário se torna corpo, matéria viva e organismo. Um espaço que pulsa, respira, resiste. O telurismo aqui não é uma metáfora, é carne da terra em fricção com a criação.
Em ressonância com este espetáculo será apresentado, na quarta-feira, às 19 horas, "Earth bodies", da colombiana Martha Hincapié Charry. Entre o ritual e a performance, convoca-nos a pensar a crise climática nos ossos, na pele, na respiração. O colapso ecológico como ferida global e o gesto artístico como cura.
25 VOLTS
CACE cultural do Porto
De 2 a 6 de setembro