A 15. edição do Meo Marés Vivas abriu debaixo de intenso nevoeiro. Perto das três da tarde, a Polícia Municipal já tinha as várias artérias adjacentes ao recinto do antigo Parque de Campismo da Madalena cortadas, provocando algumas filas no trânsito. A melhor forma de chegar é mesmo de transportes públicos.
Corpo do artigo
Passado o constrangimento inicial de tentar estacionar o carro, Maria Adelaide veio com o filho ver o festival Marés Vivas. Apoia os seus 82 anos numa muleta pelo longo caminho de eucaliptos, mas não deixa o espírito esmorecer. "Durante anos tivemos aqui a roulotte e agora gosto de ver o que aqui se está a passar", conta ao JN, sempre a sorrir.
O filho gosta de a trazer. Vieram por causa de Jorge Palma e... pelo pão com chouriço. Assim que entra, Maria Adelaide respira fundo, "gosto de sentir o cheiro a eucalipto". O recinto é quadrado, com os palcos todos situados de forma concêntrica. Há várias barracas de comidas e de merchandising e nestas toda a gente quer tentar a sua sorte, mesmo quando não se sabe o que é o prémio.
De repente ouve-se um grito : "Bem-vindos, isto é o Palco Moche, aproximem-se!" . Foi assim que os Pomadinha, banda de Gaia, abriram o festival. Os quatro apresentam-se de boxers e em tronco nu.
Os Pomadinha são uma grande surpresa, tocam rock instrumental muito competente, com "composições construídas em longas jam sessions", contam.
O público, algumas dezenas de fãs muito chegados à frente, batem as palmas todas a compasso como quem sabe os temas todos de cor. Lançaram o seu primeiro single, "Origens", no verão de 2022 e, recentemente, estrearam o seu primeiro EP, "Síndrome Pomadinha".
A banda é formada por David Cruz no baixo, Fernando Azeredo nos teclados, Miguel Alves na bateria, e um fabuloso Marco Barbosa na guitarra e, como contam, "não, não temos vocalista" - nem precisam.
Mas têm um amigo performer que, de trompete na mão, pede vários "olés" para o festival e para os Pomadinha. Como num número de Os Marretas, vão fazendo vozes e contam-nos a história de D. Sebastião que não levou o capacete para Alcácer Quibir, para se proteger do nevoeiro. Também os espectadores mergulhados no nevoeiro - e depois numa chuva fininha como filigrana - encontram não Alcácer Quibir, mas uma bela surpresa de rock impoluto chamada Pomadinha.