Chega esta quinta-feira às salas o novo filme do cineasta nova-iorquino de 87 anos, “Golpe de sorte”. É passado em Paris e foi rodado em francês.
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Esteve em Lisboa e no Porto com a sua banda de jazz, foi à Cinemateca falar sobre o último livro, “Gravidade zero”, acabara de vir de Veneza, onde estreou o seu último filme.
“Golpe de sorte” chega esta quinta-feira aos cinemas e confirma que não só Woody Allen está com uma energia impressionante, atendendo aos seus 87 anos, como se encontra em grande forma, no que diz respeito aos filmes que nos propõe com a sua habitual cadência anual.
Em “Golpe de sorte” continua um périplo pelo continente europeu, onde é mais apreciado do que nos EUA, e que já o levara a Londres, Barcelona, Veneza ou Paris. Mas desta vez, além de filmar de novo na cidade luz, filma em francês. E que elegância, que charme, que bom gosto, que requinte...
O filme do nova-iorquino é um novo “Match point”, no sentido em que mostra que domina o jogo, isto é, o cinema como arte de contar histórias, e de retomar o tom mais negro, sem esquecer o humor natural e único com que aborda as relações sentimentais.
Estamos então em Paris, onde um jovem que ali se instala para terminar o primeiro romance se cruza por acaso com uma antiga paixão da escola. Ela tem um bom emprego numa leiloeira, vive numa casa luxuosa num bairro chique e está casada com um homem encantador, helás, possessivo, riquíssimo, mas que ninguém sabe muito bem o que faz na vida.
Mas, quem pode resistir a uma relação amorosa com alguém que nos adora numa mansarda parisiense? Afinal, o encontro foi um golpe de sorte. Ou de profundo azar, como se poderá ver lá para o fim...
Woody Allen encosta o seu magnífico sentido da narrativa à fotografia do mestre Vittorio Storaro, e a atores como a surpreendente Lou de Laâge, um Melvil Poupaud sempre perfeito no mau da fita e uma deliciosa Valérie Lemercier. Homenageia o clássico de Jean Renoir, “A regra do jogo”, não hesitando em ser cruel, como a vida é para os que têm azar.
Mas este filme delicioso, a quem se perdoam todas as imperfeições, como à pessoa que amamos, é para quem tem sorte na vida, como nós, com mais um Woody Allen para ver no cinema.