Decorreu nas Caldas da Rainha a conferência internacional “Youth-action-culture: rumo à democracia cultural”, uma organização do Plano Nacional das Artes.
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Em finais de 2009, escrevi e publiquei um texto, noutro órgão de comunicação social, intitulado “A sala de aula e a sala de museu”, em que apresentava, em linhas gerais, uma proposta de expansão do projeto pedagógico para a oferta cultural, patrimonial e artística dos territórios, considerando o Museu como a síntese do que devem ser as ágoras do presente e do futuro, simbolizando nele o conjunto das estruturas de programação e criação artísticas e culturais. Com a Educação numa crise que ultrapassa, em larga medida, a questão da valorização efetiva das carreiras docentes, urge pensar, primeiro, num modelo de educação e formação ao longo da vida, formal e informal, que promova uma maior articulação entre a Escola e a Arte. Recordemos o provérbio africano que nos diz que “É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”, ou seja, a responsabilidade pelos cidadãos do futuro é de todos.
Mas, afinal, o que pode a Arte, o que potencia a experimentação artística, a literacia artística e cultural? Desde logo, o conhecimento e a informação, sendo que o conhecimento multinível, interior e sobre o que nos rodeia, constitui-se como o verdadeiro poder e a informação, com base em todas as ciências e em todas as artes, é a única forma de combater a emergência dos populismos e a sociedade das cópias falsas em que nos movemos. Acredito que quando aprender for um ato revolucionário que implique viver a rua, conseguiremos ensinar a curiosidade, promover a autonomia das futuras gerações e, verdadeiramente, educar para a cidadania, para a democracia e para o ativismo, ou seja, formar uma sociedade atenta, participativa e afeta a causas que são de todos e para todos.