Nova incursão do Projeto Casa Assombrada desafia “limites emocionais e psicológicos do público”. Até 20 de julho, em Lisboa.
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Do Projeto Casa Assombrada, criado no seio da associação cultural Teatro Reflexo, nascem desde 2015 as mais emblemáticas e assustadoras experiências de terror em Portugal. “A Seita”, a nova incursão pelo teatro imersivo do medo, da adrenalina e do confronto com os limites, é a mais recente aposta do fundador e autor Michel Simeão. Em cena até ao final de julho na Escola Profissional Agrícola D. Dinis, em Lisboa.
“A Seita” representa um novo formato de terror psicológico, mais “intrigante”, mais profundo, que promete “despertar os demónios” que habitam no nosso íntimo. “O verdadeiro inferno, numa experiência inquietante”, ergue-se no centenário edifício da Escola Agrícola. Como nas obras semelhantes de sucesso que lhe antecederam, o público vive a experiência, participa, sente, de uma forma que supera e extravasa o próprio conceito de teatro imersivo. No entanto, ao contrário do que sucedeu na maioria dos projetos da Casa Assombrada, desta vez “ficam de fora os jogos, os enigmas e desafios”. Não há “jump scares ou sustos atrás da porta. Descemos mais fundo”, garante a associação.
Ao JN, o ator, encenador e argumentista português Michel Simeão explica como, à beira de celebrar uma década de produções imersivas, o seu Teatro Reflexo decidiu voltar à sua matriz – o terror – com uma experiência que lança um desafio aos limites do público – e da própria Casa Assombrada, que há muito lidera esta tendência em Portugal.
O interesse pelo tema, a ideia de trazer estas experiências para Portugal, começou numa viagem que Simeão fez à Escócia, em 2005, “onde experiências como estas, nas ruas ou cemitérios, são comuns”, sendo notória a envolvência das pessoas.
Depois de criar a Casa Assombrada em 2015, em Belas, os projetos sucederam-se e o sucesso tem sido enorme: “Tem sido algo extraordinário, milhares de pessoas a assistir, datas esgotadas”, adianta. Agora, e porque o encenador diz que muita da sua inspiração “vem dos próprios espaços” – e a Escola Agrícola oferece uma vasta área, várias salas - consegue-se o formato que Michel mais quer explorar, mais próximo do teatro, onde cada espaço “é uma espécie de uma curta-metragem”. “Imaginem que estão num palco e este palco está dividido em oito salas, e nós estamos a ver de fora nessas oito salas com oito cenas diferentes a acontecer. E essas cenas começam a ficar ligadas a si, com a deslocação de personagens de um lado ao outro de forma perfeita, com balanço, tudo ligado”, conta-nos.
O resultado é também um confronto do público consigo mesmo. “O terror é também muito superação, e nós vemos muito pessoas que procuram essa superação. É interessante, porque na nossa primeira experiência em Belas, a mais assustadora, era muito comum as pessoas não conseguirem acabar; e muitas vezes, voltavam para se tentarem superar; portanto, sim, o terror também tem esta questão”, conclui.
A experiência tem três sessões por dia aos fins de semana e os bilhetes custam 23€. Depois de esgotar as datas disponíveis, o espetáculo, que terminaria a 13 de julho, prolongou a estadia até 20. É para maiores de 18 anos, com conteúdo forte e “não aconselhado a pessoas mais sensíveis”.