Festival de cinema traz mais de 100 filmes de 31 países ao Porto. Começa esta sexta-feira com um filme português e fecha a 9 de março com uma comédia negra sobre "Pulp Fiction".
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Chega de 31 países dos cinco continentes o conteúdo do 45.º Fantasporto, que irá exibir, nas duas salas do Batalha Centro de Cinema, mais de uma centena de filmes, onde se incluem 24 antestreias mundiais. Entre a ficção e o documentário, as curtas e longas-metragens, desfilarão temas candentes da atualidade, da guerra à propaganda política, da inteligência artificial às alterações climáticas, com uma forte inclinação para o género fantástico.
O filme de abertura, esta sexta-feira às 21 horas, é português, o que só acontece pela segunda vez na história do festival: “Criadores de ídolos”, de Luís Diogo. O thriller, exibido em estreia mundial, vai competir na secção oficial do Fantas e conta com José Fidalgo, Rafaela Sá, Ricardo Carriço, Oceana Basílio e Virgílio Castelo no elenco.
O programa do Fantasporto 2025 distribui-se pelo bloco competitivo - Cinema Fantástico, Semana dos Realizadores, Cinema Português e Orient Express (cinematografias asiáticas) - e por secções como o Fantas Classics.
Haverá conversas sobre filmes, lançamento de livros e a presença de 150 convidados estrangeiros. Mário Dorminsky e Beatriz Pacheco Pereira, que detêm o recorde mundial de longevidade como diretores de um festival de cinema - exatos 45 anos consecutivos -, apelam aos cinéfilos que os seguem desde 1981 para que tragam os filhos ao Fantas. Uma mobilização necessária, tendo em conta a diminuição do orçamento, que é hoje apenas 20% do que era em 2000, quando ultrapassava um milhão de euros.
Razões para que venham filhos, netos e enteados? As habituais emoções fortes de filmes de terror e fantástico - e é da Ásia que vêm os maiores arrepios. Mas também os tópicos, tratados pela lente particular dos realizadores, que diariamente influenciam os nossos destinos pessoais e coletivos.
A inteligência sintética
A inteligência artificial, que singra rapidamente em todas as áreas e também no cinema, será alvo de várias leituras: de “IA: a revolução no cinema digital”, de João Moreira, que no final da sessão irá falar das suas curtas criadas pela nova tecnologia, a filmes como “Sucubos”, “Hush now” ou “Cold wallet” (produzido por Steven Soderbergh). A guerra na Ucrânia, as suas origens e a propaganda que a envolve, será escalpelizada no documentário ucraniano “Zinema”, de Kornii Hrytsiuk.
A crise climática será glosada em obras como “The sea inside her”, “Fish” ou “Refugee”. A violência escolar terá enfoque em “Sana: let me hear” ou “Dead talents society”. E a emancipação da mulher será observada na retrospetiva do cinema de Taiwan, que incluirá cinco filmes realizados entre 1968 e 1986.
Nota final para “The carnation revolution”, que resulta do olhar de dois noruegueses que testemunharam em direto o 25 de Abril. E para o filme de fecho do Fantas, “Stealing Pulp Fiction”, do estreante Danny Turkiewicz, que cria uma mirabolante história em torno do roubo da cópia em 70mm da obra-prima de Tarantino.