Da luta livre ao cinema, o percurso de The Rock, aliás, Dwayne Johnson.
Para uma geração de espectadores de cinema - não se arriscaria aqui a classificação de cinéfilos - "Corrida para a montanha mágica" representou uma época. Produção da Disney em imagem real, estreada em 1975, representava um certo tipo de entretenimento, no género da acção e da aventura, muito em voga na época, com a história a girar em torno de dois garotos com super-poderes, perseguidos pelas autoridades, que os querem aproveitar para fins secretos. Agora, o cinema pega de novo no título - embora o filme tenha chegado até cá directamente em DVD. Dwayne Johnson, ex-estrela do wrestling, procura uma carreira no cinema, apadrinha os dois jovens protagonistas numa aventura para toda a família
Hoje com 37 anos, Dwayne Johnson, aliás, The Rock, é um homem perfeitamente consciente do seu passado, que não renega, e do muito que tem pela frente para se afirmar como actor num meio exigente.
Para já, a nova versão da Disney do seu clássico dos anos 50, "Corrida para a montanha mágica", entre a acção, a aventura e a ficção científica, foi um êxito nos Estados Unidos. Por cá, já o podemos ver em casa. Depois de uma personagem mais cartoonesca em "O regresso da múmia" e "O Rei Escorpião", o agora actor dá finalmente um ar da sua graça.
Em Madrid, onde o fomos encontrar, explicou, ao JN, quando é que pensou pela primeira vez em ser actor. "Apaixonei-me pela representação quando fiz a minha primeira série de televisão. Era um desafio, tornar-me um bom actor. Depois, fiz 'O regresso da múmia'. Estávamos no deserto, em Marrocos, quando percebi exactamente quanto é que ainda tinha de aprender para me tornar um bom actor. Percebi que tinha de me empenhar completamente, de respeitar o meu trabalho e honrá-lo".
Dos ringues da luta livre para as telas de todo o Mundo. Será que as personagens que representava no wrestling o ajudaram no arranque para a carreira de actor? "Foi um imenso treino", confirma. "Todas as noites estava à frente de uma multidão, por vezes, 25 mil pessoas. Sete noites por semana. O ano inteiro. Sem folgas. Como na escola não estudei representação, aquele mundo era o meu teatro."
Naturalmente, vindo de onde veio, Dwayne Jackson deve ter sentido alguma dificuldade na fase inicial da sua carreira. "O desafio, quando comecei a fazer cinema, foi não me deixar encaixar apenas em filmes de acção", explica. "E, para ser franco, uma grande parte dos projectos que me chegaram não eram lá muito bons. Eu queria trabalhar em vários géneros, queria fazer comédia, drama. Mas sabia que ia demorar algum tempo."
Mas o antigo lutador manteve no cinema uma atitude vencedora. "Por vir do wrestling, só me davam papéis para filmes de acção. Mas eu percebia porquê. E também porque razão os bons filmes de acção iam para o Will Smith ou o Bruce Willis. Sabia que ia demorar tempo e que era preciso trabalhar bem. Sempre tive uma atitude muito positiva."
Ainda nos lembramos todos do fabuloso retrato que Mickey Rourke compôs de um lutador, em "The Wrestler". Não era possível estar com Dwayne Jackson sem lhe perguntar a opinião sobre o filme. "Adorei, é muito realista. Posso dizer-lhe com toda a honestidade que aquele mundo que o Darren Aronofsky criou é muito autêntico. Conheço muitos que não só lutam para pôr comida em cima da mesa como, aos 50 ou 60 anos, é a única coisa que sabem fazer. O wrestling é um fenómeno global, é um grande êxito, mas também há o lado mais negro do wrestling."
