Banda inglesa confirma a mudança de estilo no seu sétimo disco de originais, "The car".
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E ao sétimo disco foram-se as distorções e o bombo, o rock e a eletricidade. Chegaram o piano e as escovas, os coros e as secções de cordas. Melhor ou pior? Diferente. O recém-lançado "The Car" confirma a mudança de estilo que os Artic Monkeys tinham começado a manifestar em "Tranquility Base Hotel & Casino". Os ingleses já nos tinham habituado a drásticas mudanças de som, mas tão radicais como esta é primeira vez. Tanto que, quem conhecer as músicas dos dois primeiros discos, dificilmente encontrará elos comuns com estas. Porém, ao contrário de algum experimentalismo inconsequente e maçador do disco anterior, este trabalho soa mais coerente e homogéneo.
Ao longo dos dez temas do álbum, predominam as atmosferas cinematográficas, inspiradas nos anos dourados do soul e de algum funk, onde se destacam refrões encorpados e adensados com coros femininos e secções de cordas sintetizadas. Alex Turner continua a soar jovem, mas a voz viaja até tons mais altos e sustentados. A guitarra foi trocada pelo piano e o líder da banda surge menos como uma estrela rock e muito mais como um "crooner" hipnotizante e galanteador.
Aos 20 anos de existência, ultrapassada uma crise de meia-idade bem resolvida, há como que uma assunção descomplexada de maturidade e a troca de um descapotável desportivo por um confortável sedan de quatro portas. O novo veículo melódico, que poderia ter sido comprado a Burt Bacharach ou Elvis Costello, é menos excitante, mas também tem os seus encantos. Suprime acelerações ou travagens bruscas e sobressaltos e assegura uma tranquila e fluida viagem de 37 minutos através de plácidas planícies.
E mais uma vez se pergunta: É melhor ou pior? Bom é certamente, mas aqueles que gostavam mais da adrenalina e dos energéticos ritmos dos primeiros trabalhos poderão ficar algo desiludidos. Já os que foram amadurecendo a par da banda deverão apreciar o facto de poder continuar a gostar de um dos grupos da sua juventude, mas, agora, vocacionado para estados de espírito mais relaxados e contemplativos.