O podcast de Luísa Sobral, o documentário de Marina Abramovic e o disco de covers de Angel Olsen. E ainda o regresso ao circo de Natal em pleno verão.
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A premissa parece simples - "O que está por trás das canções de que gostamos? O que levou o compositor ou o letrista a escrever aquelas palavras que parecem falar de nós?" -, mas depois Luísa Sobral, compositora que se estreou em 2011 com o álbum "The Cherry on My Cake", e que em 2017 escreveu a canção que deu a vitória a Portugal no Festival Eurovisão da Canção, transforma uma conversa despretensiosa, que resulta da sua curiosidade sobre o processo de criação dos seus pares, num arranha-céus de informação extraordinária vertida com o encanto das coisas simples. E, nesse exercício de enorme generosidade, revela-se uma entrevistadora notável. Com o nada menosprezável acréscimo de saber sempre do que fala.
"O Avesso da canção" - por onde todas as quintas-feiras passa gente tão espantosa como Fausto, Carlos Tê, Jorge Palma, Sam the Kid ou, na última semana, Jorge Fernando (que conversa extraordinária!) - é um dos mais bonitos e inteligentes podcasts nacionais. Esta quinta-feira, o convidado que fecha a segunda temporada é, como define a própria, "nada mais nada menos que o incrível Sérgio Godinho".
Em cerca de uma hora, Godinho desvenda os bastidores do percurso, do coração - e de algumas canções, incluindo "O Primeiro Dia", canção de 1978 que faz tão parte da vida de tantos de nós.
Enfim duma escolha faz-se um desafio
Enfrenta-se a vida de fio a pavio
Navega-se sem mar, sem vela ou navio
Bebe-se a coragem até dum copo vazio
E vem-nos à memória uma frase batida
Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Outra mulher: Marina Abramovic. Mesmo quem não sabe nada dela, ou não aprecia especialmente o seu trabalho, considerado controverso ou, pelo menos, incompreendido - quase cinquenta anos depois de o ter iniciado, ainda não conseguiu ver-se livre da pergunta: mas será que isto é arte? -, já terá tropeçado na profunda história de amor que durante 12 anos partilhou com o artista Ulay.
O vídeo do inesperado reencontro, depois de uma devastadora separação em 1988 (devidamente encenada na Grande Muralha da China e batizada "The Lovers"), tornou-se viral e é impossível ficar-lhe indiferente.
Aconteceu em maio de 2010, enquanto Abramovic fazia uma performance ao vivo no MoMA, em Nova Iorque. Em "The Artist Is Present", a artista sérvia ficava silenciosa durante várias horas sentada numa cadeira e os visitantes sentavam-se diante dela durante um minuto. Um deles foi Ulay. E o momento é arrepiante. Depois disso, o MoMA dedicou-lhe uma retrospetiva e é, nesse contexto, que surge o documentário "A Vida e Morte de Marina Abramovic", imprescindível para entender como esta mulher nos ensinou a quebrar limites.
E outra mulher ainda: Angel Olsen. A compositora mais triste que conhecemos nos últimos anos acaba de anunciar um novo álbum de covers com cinco temas e declara que afinal quer ser feliz. Aisles chega ao mercado a 20 de agosto e é uma viagem à colorida e infalível década de de 80. "Só quero divertir-me um bocadinho, rir mais, ser um pouco mais espontânea, menos séria, e lembrar-me que posso fazer isso", explicou.
Aqui fica a primeira amostra desta viragem, "Gloria" de Laura Branigan. Eis-nos em 1982.
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No Porto, recomeça esta sexta-feira, às 21 horas, o programa saltimbanco "De Volta à Praça", uma iniciativa conjunta do Coliseu Porto Ageas e do Teatro Nacional de São João, que vai levar aos Jardins da Casa Allen (Casa das Artes do Porto) uma parte do espetáculo de Circo do Coliseu apresentado em 2020.
Esta nova versão de um espetáculo amplamente aclamado no Natal mantém o cruzamento entre o circo tradicional e o contemporâneo, um mimo no papel de mestre-de-cerimónias e uma banda sonora original interpretada ao vivo por uma orquestra dirigida pelo maestro André Lousada.