O primeiro dia do Meo Marés Vivas teve os melhores momentos guardados para o fim. O concerto de AGIR conseguiu reunir um número assinalável de singles e não desanimou um único segundo em pouco mais de uma hora de concerto. Ao contrário de Bastille, que salvo um ou outro momento de grande festa, chegou a esmorecer quem não era fã.
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Se tempo é dinheiro, Bastille podiam ter aproveitado melhor o que lhes foi dado. Um concerto com 19 músicas, uma odisseia às vezes longa demais para se chegar fim da viagem e ouvir "Pompeii". Em momento de festa louca, refira-se. E não é que pelo meio não existissem paragens agradáveis. Mas um momento bom a cada três monótonos dá mais a ganhar aos senhores da cerveja do que aquilo que preenche a fome de música do público.
Dan Smith esforçou-se. Fazia 31 anos, era o 228º aniversário da Tomada da Bastilha, estava pela primeira vez no Norte e viam-no 25 mil pessoas. Estavam reunidas as condições todas, mas o alinhamento longo pode ter deitado por terra todas as boas intenções. Foram quase duas horas para seis músicas (no máximo) que o público mostrou ter gostado.
Em sentido contrário, AGIR mostrou que sabe fazer muito com o pouco tempo que tem. É impressionante a quantidade de singles que o artista já reuniu em dois álbuns. Leva, sem margem para qualquer dúvida, o prémio de melhor concerto da noite.
A coisa até podia não ter corrido bem, dada a debandada que se verificou no fim do concerto de Bastille. Só que foram menos mas bons, e terão chegado a casa prontos a tomar um banho de tanto que saltaram durante a atuação do português de 29 anos.
"Eu quero", no segundo posto do alinhamento, levou o público ao delírio. Tempo, depois para homenagens. Primeiro a Carolina Deslandes, com "Mountains", original da compositora portuguesa. Depois para Blaya e Ana Moura, com "Yoyo" e "Manto de Água". Por fim, para Jimmy P, que regressou ao palco do Marés Vivas pela segunda vez naquela noite (a primeira fora com Diogo Piçarra). "Esconder" foi um dos momentos altos da noite.
Aí, já se percebia que aquele estava a ser o melhor concerto do primeiro dia do Marés, mas faltava a confirmação final. Debaixo de um cenário de cores vivas e um público incrivelmente disposto a gastar as muitas energias que tinham sobrado do concerto de Bastille, AGIR lança um punhado de êxitos: "Makeup", "Como ela é Bela", "Parte-me o Pescoço" e "Tempo é Dinheiro".
O conjunto de singles é a arma forte do lisboeta que atinge píncaros vocais notáveis e não se perde em grandes diálogos com o público que estava ali para o ouvir a cantar.
Nota positiva para Tom Chaplin que revisitou os principais temas de Keane e apresentou o álbum "The Wave". Deu um concerto digno, com carinho por Portugal, e viu retribuído o esforço com a dedicação do público. Parece ter gostado tanto de estar no Marés Vivas como o público terá gostado de o ver. O início da noite teve ainda Diogo Piçarra, beneficiado com o cenário natural que o sol lhe montou.
Este sábado há João Pequeno (16.30 horas), Kappa Jota (16.25 horas) e Mundo Segundo (18.35 horas) no Palco Santa Casa. Seguem-se Amor Electro (19.20 horas), Lukas Graham (20.40 horas), Scorpions (22.15 horas) e Expensive Soul (00.30 horas) no Palco Meo.