Estreia esta quinta-feira nos cinemas nacionais a curta metragem “Estranha forma de vida”, do popular cineasta espanhol.
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É ao som de “Estranha forma de vida”, tema de Amália Rodrigues e Alfredo Marceneiro, numa inesquecível versão de Caetano Veloso, que começa o western gay de Pedro Almodóvar com o mesmo título, um magnífico exercício de estilo em torno da memória do filme do oeste e que esta quinta-feira chega às nossas salas.
Almodóvar e Caetano já tinham trabalhado juntos em “Fala com ela” e a justificação do espanhol para a escolha desta canção não podia ser mais clara: “Não há vida mais estranha do que aquela que se vive de costas para os próprios desejos”.
Não o podemos nem devemos ignorar. “Estranha forma de vida” é uma curta metragem, tem "apenas" 31 minutos, mas mostra, na sua estrutura narrativa, que cada filme tem a sua duração própria. E para que o espetador não se sinta “espoliado”, além do filme, pode acompanhar na sessão nos cinemas uma entrevista com o próprio realizador espanhol.
O filme, coproduzido pela El Deseo e pela casa Saint Laurent, foi rodado na Andaluzia, Espanha, não sendo ainda o primeiro filme americano de Almodóvar. O realizador já rodara em inglês outra curta, “A voz humana”, baseado em Jean Cocteau e com Tilda Swinton, e sabe-se agora que começará em breve a filmar em Nova Iorque a longa “The room next door”.
Fiquemo-nos para já, o que não é pouco, com este filme de cowboys como nunca se viu.
Pedro Pascal é Silva, de origem mexicana, que regressa a Bitter Creak, após 20 anos de ausência, para reencontrar Jake, interpretado por Ethan Hawke, agora xerife da localidade, com o objetivo de salvar a pele do filho, acusado de um crime.
Nessa mesma noite, recordam os velhos tempos em que eram pistoleiros a soldo – e eram também amantes. Ocasião para um flashback onde dois jovens atores dão corpo a uma sequência mais tórrida.
Um deles, interpretando o mais novo Silva, é o português José Condessa, uma das nossas boas promessas, conhecido sobretudo por séries de televisão como “Rabo de Peixe” ou pelo popular filme “O crime do Padre Amaro”, onde tem o papel titular. Mas é sem dúvida Pedro Almodóvar, e a sua forma única e incrível de fazer cinema, a estrela desta pequena joia cinematográfica.