Alba Baptista é uma das Shooting Stars 2021. Ao JN, atriz de 23 anos desafia jovens a saírem da zona de conforto.
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A atriz luso-brasileira Alba Baptista, de apenas 23 anos, é a sucessora de Victoria Guerra e Joana Ribeiro no Shooting Stars, uma iniciativa da agência para a promoção do cinema europeu, organizada pelo 24.º ano consecutivo, selecionando dez atores e atrizes com potencial no mercado internacional. Assim, no mundo cada vez mais competitivo do cinema europeu, pleno de cinematografias emergentes, o cinema português volta a marcar presença.
Normalmente, o evento decorre durante o Festival de Berlim, que não acontecerá nos moldes habituais, pelo que os trabalhos dos Shooting Stars terão lugar, de forma virtual, em fevereiro, entre os dias 23 e 25.
Conhecida mundialmente como Ava, a personagem central da série "Warrior Nun" (estreou na Netflix no verão passado), o desempenho de Alba Baptista também pode ser apreciado em filmes portugueses recentes, como "Patrick", de Gonçalo Waddington ou "Caminhos Magnétykos", de Edgar Pêra.
O que significa ser escolhida como Shooting Star deste ano?
É uma absoluta honra. É o maior reconhecimento que poderia ter recebido por estes últimos árduos mas bonitos anos de constante crescimento. Considero um grande passo em frente, em termos de posicionamento. Confesso que não pensei estar à altura, para vir a ser uma das nomeadas. Estou a agarrar esta oportunidade e a aproveitá-la ao máximo.
Como é que se processou a seleção?
Os requerimentos para concorrer são bastantes. Por exemplo, os atores têm que ter um número respeitável de projetos, com pelo menos um deles como protagonista, a estrear em cinemas comerciais. É uma grande pressão, pois apenas se pode concorrer uma vez na vida. O ano que se escolhe para a candidatura tem de ser estrategicamente pensado.
Já sabe que atividades vai ter durante o programa, mesmo que este ano seja virtual?
Teremos várias entrevistas e reuniões com diretores de casting, mais produtores e realizadores internacionais. Estaremos muito bem servidos, apesar das circunstâncias. Em junho teremos a entrega de prémios na Berlinale.
O que representa esta seleção para o cinema português?
É sempre um motivo de orgulho para a nossa indústria. Lembro-me de sentir precisamente isso quando a Joana Ribeiro e a Vitória Guerra foram nomeadas.
Como é que está a decorrer o trabalho da nova temporada de série "Warrior Nun"?
A primeira temporada teve um sucesso bastante maior do que o esperado. A segunda temporada foi confirmada pouco depois da série ter estreado. Começaremos as rodagens muito em breve.
Além da série, tem uma série de projetos em fase de produção ou pós-produção...
Sim. É motivo para muita gratidão. Este ano devem estear três longas-metragens que filmei no ano passado. Tenho também uma longa metragem prevista para filmar antes da série, e mais alguns outros projetos.
Como é que viveu o período de confinamento?
Muito tranquilamente. Foi importante parar e reconectar com outras prioridades que não o trabalho. Sinto-me bem entre o silêncio e a imaginação. Foi uma altura muito produtiva, interior e criativamente.
Tem desenvolvido o seu trabalho entre a presença em filmes portugueses e em obras de autores estrangeiros. É importante não perder a ligação com o cinema português?
Sim. A minha admiração pelo cinema português permanecerá sempre. Tive a sorte de ter começado no cinema, tendo trabalhado com realizadores com visões admiráveis. Quero continuar a explorar essa maré enquanto me aventuro pelo oceano.
Também já realizou uma curta-metragem. No futuro, pretende investir mais na realização?
É um caminho que tenho estado a fermentar. Tenho ideias e uma forte curiosidade de viver um projeto atrás das câmaras. Sempre me apelou o processo de realização. Mas falta-me alguma autoconfiança para expor esse lado. Preciso de mais preparação. Para já, encontro-me na descoberta da escrita.
Apesar de ser ainda bastante jovem, já alcançou objetivos importantes e provou que é possível aos atores e atrizes portugueses alcançarem prestígio internacional. Que mensagem daria aos jovens que neste momento estão a pensar seguir o caminho da representação?
Que apesar de não o sentirmos à flor da pele, vivemos numa era privilegiada para lutar pelos nossos sonhos. Existe uma democratização consciente em crescimento. Talvez o melhor conselho seja o de não se vidrarem na gratificação instantânea mas sim confiarem num processo de conquista mais longo, mas também mais sólido. Conhecimento é poder. Felizmente há um mundo de ensinamentos fora da nossa zona de conforto. Basta irmos à procura.