
"The revenge of Alice Cooper": o álbum que o mundo temia foi editado 52 anos depois do anterior, "Muscle of love".
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Banda do "shock rock" volta a gravar um disco de originais após mais de 50 anos de ausência: "The revenge of Alice Cooper".
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Fizeram do palco uma câmara de tortura no início dos anos 1970, trazendo cobras, cadeiras elétricas e guilhotinas. Chamaram-lhe "shock rock", uma mistura do novo género em formação - o metal - com atitude ultrajante e ameaçadora. Lograram um punhado de canções que entrou para o cânone, como "School"s out", "No more Mr. Nice Guy" ou "I"m eighteen", cantado por Johnny Rotten na sua audição para os Sex Pistols. Gravaram um último disco em 1973, "Muscle of love". E depois dividiram-se: vocalista para um lado, banda para o outro. Reúnem-se agora, passados 52 anos, para "The revenge of Alice Cooper".
À cabeça do nome está Vincent Furnier, a quem disseram, numa sessão de espiritismo, que era a reencarnação de uma bruxa do século XVII chamada Alice Cooper. Adotou o nome para si próprio e para a banda, que se estreou com "Pretties for you" (1969), num registo de psicadelismo negro e extravagante. Chegam ao som que os celebrizou dois anos depois, com "Love it to death", onde carregam num rock descarnado e refulgente, influenciado por The Stooges e MC5, acrescentando o imaginário tétrico. Quando se separaram, Alice Cooper seguiu carreira a solo, lançando mais de 20 álbuns - o último é "Road" (2023). E os restantes membros seguiram caminhos relativamente obscuros.
Neste reencontro, todos os sobreviventes participam: além de Furnier, o guitarrista Mike Bruce, o baterista Neal Smith e o baixista Dennis Dunaway - falta apenas o falecido Glen Buxton (guitarra principal). Logo no tema de abertura, "Black mamba", há um convidado ilustre: Robby Krieger, guitarrista dos The Doors, banda que deu um empurrão aos Alice Cooper no início da estrada.
Segue-se aquele que poderia ter sido o álbum lançado no ano a seguir a "Muscle of love" - 16 faixas para ouvir num bar de motards, entre shows de striptease e canecas de cerveja. Há riffs incandescentes, sujidade na produção e Furnier a cantar sobre demências e noitadas.
