Os Alt-J foram, seguramente, o primeiro grande momento desta edição do Nos Alive. O trio fez a sua aparição no meio de uma parafernália vertical de tubos luminosos e derramou a sua música cheia de hipersensibilidade.
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A multidão, debaixo de nuvens stratocumulus, reagiu com igual entusiasmo tanto ao material antigo como às canções de "Relaxer", o novíssimo álbum editado há poucas semanas. Os músicos de Leeds continuam a laborar aquela pop repleta de avanços e recuos, cheia de paragens súbitas e cascatas de graves, temperada com xilofones e serpenteares de vozes, um ritmo que tão depressa estremece no peito como logo a seguir acaricia com cintilâncias.
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Horas antes, os primeiros sons ocorreram com os Ventiuno no palco Heineken instalado numa enorme tenda erguida numa das pontas do recinto. É sempre tarefa ingrata desempenhar o papel de banda de abertura porque a assistência está mais disposta em permanecer com as nádegas estacionadas na alcatifa verde em vez de erguer o esqueleto.
Acresce que a música desta trupe espanhola que viajou de Toledo não se revelou particularmente sedutora, desfazendo-se numa amálgama de estereótipos e estribilhos pouco ou nada arrebatadores.
Duas centenas de metros a poente, no palco Nos Clubbing, Rita & o Revólver afiguravam-se muito mais cativantes, enquanto edificavam um funk dinâmico e coeso temperado com uma guitarra líquida.
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O recinto, este ano, está mais arrumado, e toda a estrutura do festival parece bem desenhada, conseguindo aliar funcionalidade e apurado sentido estético. Corrigiram-se detalhes e pormenores, cada canto e recanto parece melhor aproveitado e, em suma, proporciona-se maior conforto ao povo.
Há cada vez mais postos de alimentação e nem falta um inusitado "kebab à portuguesa" não muito distante da pomposa "hamburgueria gourmet" ou da padaria de um certo "Senhor Showriço".
A primeira tarde do festival pautou-se pela quietude. O público deambulou em descoberta de cada área e não poucos parquearam num stand que oferecia fotos instantâneas. Um pavilhão da TAP desafiava os festivaleiros para uma competição simulação de voo e logo se ajuntaram potenciais pilotos seduzidos pelos apetecíveis prémios. Num ápice formou-se uma fila mais comprida dos que nas caixas de pagamento de um Pingo Doce ao final das manhã de sábado.