Novo álbum da cantora portuguesa de R&B fala de dor e de amor. A artista atua no Festival Super Bock Super Rock, em julho.
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"Certa para o que vim a este planeta" - se AMAURA o diz, concordamos. O novo e segundo disco da artista é uma prova de amadurecimento. E também prova de que sabe o que veio a este planeta fazer: fazer-nos reapaixonar pelo R&B nacional. Mas, neste disco, não há só alegrias (já lá vamos).
A frase supracitada é de "Kilo", mas nas restantes músicas não faltam afirmações de poder. "Eu sou dona de mim"; "quero-te exatamente assim". Quero: uma das palavras mais repetidas em "Subespécie", sucessor de "Em Contraste" (2019).
Nutrida entre o hip-hop português, é na escolha do género que nos mostra a sua independência e poder. Deixou a canção falada de lado e optou por seguir as pisadas da soul, do flow dançável, mas, acima de tudo, não deixou o beat. Esse está lá sempre (umas ou outras vezes acompanhado de uma mescla complexa de instrumentos - nota para o baixo e saxofone na faixa inicial que dá nome ao álbum). Esta complexidade poderá ter sido influência do seu trabalho com Sam The Kid, já que tem subido a palco com o novo projeto em orquestra do artista.
AMAURA dá-nos quase que uma orquestra completa em "Subespécie", um crescimento face ao anterior trabalho, baseado em beats igualmente cadenciados do início ao fim das faixas. Agora, AMAURA dá-nos dinâmica. O que também não podia faltar no novo trabalho são os sintetizadores, uma ferramenta que Maura Magarinhos, nome da artista, usa na dose certa, sem cair numa utilização "brega", diga-se assim.
Mas, se o álbum começa por nos falar de autoafirmação e amor, convidando-nos para um passo de dança, especialmente em "O preço" e "Chakra sacro", é a partir da faixa 10 que o ambiente se altera. Com uma taciturnidade fundida com a sua doce voz, Maura altera o "chip". Tudo isto ligado à perda da mãe, que faleceu enquanto o novo trabalho estava a ser escrito. "Subespécie" termina com "Útero", uma (sub)espécie entre hino feminista e carta de amor à progenitora.
AMAURA atua no festival Super Bock Super Rock, que decorre no Meco, Sesimbra, de 13 a 15 de Julho.