Hard Club do Porto acolhe dezenas de concertos de música "densa e pesada" no sábado e no domingo. Esta sexta-feira já há Rui Chafes e Candura com "From ruin", em Serralves.
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De volta ao formato de dois dias – após a edição especial de 2022, que compensou os anos de vácuo da pandemia com uma maratona de dois fins de semana, o que se revelou uma “loucura” para a organização –, o festival portuense Amplifest volta a apresentar um cartaz repleto de música que se caracteriza pela vocação exploratória e pela abordagem “densa e pesada”, diz André Mendes, o programador.
“O Amplifest nunca foi projetado como um festival de metal. O que nos fascina são as bandas que quebram as fronteiras do seu estilo e exploram a ligação a outras linguagens”.
Bom exemplo desse diálogo é a peça de abertura, esta sexta-feira, às 20 horas, no Auditório de Serralves, no Porto. “From ruin” junta uma escultura de Rui Chafes à música dos Candura.
Um encontro de “peso e densidade”, com a peça de ferro em forma de asa a sugerir uma interpretação sónica feita de noise e música drone.
Ainda esta sexta-feira, o “dia zero”, outro lugar de nome apropriado, o Ferro Bar, acolhe (22.30 horas, entrada grátis) o concerto de Mat Ball, dos Big Brave, banda que também atua no festival, que apresenta o primeiro álbum a solo, “Amplified guitar”, onde procura extrair toda a crueza e intensidade de uma guitarra amplificada.
Dez anos depois: Sunn O)))
Passando ao segmento principal de concertos, todos no Hard Club do Porto, sábado e domingo – e todos os passes diários e gerais estão já esgotados desde junho –, André Mendes destaca os nomes maiores. É tarefa espinhosa, não é acidente as bandas serem apresentadas, no site do Amplifest, por ordem alfabética, não há qualquer hierarquia no festival, mas o programador dispôs-se à frioleira.
Inevitável falar dos Sunn 0))), gigantes do cruzamento entre metal experimental, noise e drone. “É a única data que fazem na Península Ibérica nesta digressão. E há mais de 10 anos que não vinham a Portugal”, sublinha o programador.
Outro nome imperdível será Divide and Dissolve, banda australiana que explora o doom metal com saxofone, guitarra e percussão. Uma das fundadoras é maori e a música carrega mensagens sobre direitos dos aborígenes. “Interessa-nos esse lado político nos grupos, quando incitam a uma maior união na sociedade”, diz o responsável.
David Eugene Edwards, vocalista dos Wovenhand e 16 Horse Power, é bom exemplo de dissidência a qualquer ideia de que o Amplifest é festival de tribo – apresentar-se-á a solo com a sua exploração de rock alternativo e country gótico.
Nota ainda para os belgas Amenra, que se apresentaram, em 2022, em formato acústico, ligando-se este ano à corrente para expor toda a intensidade do seu pós-metal; a estreia em Portugal dos Ashenspire, escoceses que cruzam black metal, jazz e industrial; e os ingleses Esben and the Witch, cujo último álbum, “Hold sacred”, foi parcialmente escrito durante uma estadia da banda em Vila Chã.
Finalmente, Portugal estará representado com Máquina, Necro e Hetta.