Poetisa Ana Luísa Amaral é a figura homenageada da Feira do Livro do Porto 2022. O certame regressa ao Palácio de Cristal de 26 de agosto a 11 de setembro com 100 atividades.
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A Feira do Livro do Porto regressa ao espaço dos Jardins do Palácio de Cristal, entre os dias 26 de agosto e 11 de setembro. "Imaginar" e "Agir" são o mote do "festival cultural", com mais de 100 atividades que homenageia a "poetisa, académica, feminista, tradutora e radialista", Ana Luísa Amaral, como definiu Nuno Faria, programador.
O certame, com um investimento global de 400 mil euros, volta na sua 9.ª edição neste formato, a realizar-se "sem limitações, circuitos e contadores de pessoas na entrada", explicou Rui Moreira, autarca do Porto e vereador da Cultura.
O evento tem este ano 84 expositores e 126 pavilhões. "Espero que esta seja também uma edição de bom negócio para quem aposta em nós, livreiros e alfarrabistas. Não é um tempo fácil", almeja Rui Moreira.
Como um "sinal de maturidade" da aposta, esta será a terceira vez que a Feira do Livro é produzida integralmente por equipas da autarquia, frisou Moreira, que dispõe de um orçamento de 400 mil euros.
Ana Luísa Amaral, a homenageada, disse estar "felicíssima" com a distinção - que soma à Medalha de Ouro da Cidade do Porto - e não poupa elogios a Rui Moreira. "Tenho muita pena que nos vá deixar, com o tanto que eu o admiro", disse. E acrescentou: "As pessoas com alguma visibilidade têm obrigação cívica de se empenhar do ponto de vista político, e também com as questões das mulheres e com os retrocessos como o que está a acontecer nos Estados Unidos".
"Nasci em Lisboa e vivi em Sintra, até aos nove anos, odiei o Porto até aos 15". A este momento é dedicado "Entre dois rios" - o Tejo e o Douro. Mas agora, diz já não se sentir entre dois rios. "Realmente o Porto é a minha cidade. Sou do Porto, uma cidade maravilhosa".
Cumprindo a tradição, Ana Luísa Amaral, vencedora do Prémio Reina Sofia de Poesia Ibero-Americana 2021, receberá a 27 de agosto uma tília com o seu nome, juntando-se às personalidades que desde 2014, ano em que a Feira se instalou no Jardim, ali estão representadas: Vasco Graça Moura, Sophia de Mello Breyner, Agustina Bessa-Luís, entre outros.
Durante o evento estará patente a exposição "Escrevo para um amigo que virá", de Manuel Gusmão. A Feira do Livro do Porto terá na programação "Brancura de relâmpago": quatro sessões produzidas por João Gesta (programador das Quintas de Leitura), com destaque para Sérgio Godinho (2 de setembro).
No programa de spoken word, Adolfo Luxúria Canibal e Marta Abreu têm uma das sessões "imperdíveis"(11 de setembro). No programa de música há Concertos de Bolso, com curadoria dos Maus Hábitos, bem como o ciclo Porta-Jazz ao Relento. Há ainda um ciclo de cinema, a cargo do Cineclube do Porto.
Feiras de Lisboa e Porto são simultâneas
Lisboa mudou este ano as datas da sua Feira, tornando-as coincidentes com as do Porto, mas, como explica Moreira "nós já cá estávamos, não vamos alterar".
A coincidência poderá ser prejudicial para os pequenos livreiros que poderiam participar nas duas iniciativas. A simultaneidade impedirá também Ana Luísa Amaral de estar presente em Lisboa: "Eles convidaram-me, mas é no dia em que estou a dar uma lição".
Três lições a que devemos prestar toda a atenção
O Auditório da Biblioteca Almeida Garrett vai receber um conjunto de lições, este ano dividido em dois programas. O primeiro, com curadoria de Nuno Faria, no qual estão integradas as lições de Maria Irene Ramalho sobre "Poesia e Mundo", de Ana Luísa Amaral (dia 27, às 11.30 horas). E também a lição de Ana Luísa Amaral sobre Emily Dickinson( 28 de agosto, às 11. 30 horas).
O segundo programa é sobre Lições Brasileiras, tem a curadoria da investigadora Joana Matos Frias.