
Andreia Abreu planeia publicar em breve um livro dirigido aos mais novos
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Com "Os dias da Maria", a jornalista Andreia Abreu estreia-se na publicação. Através deste conjunto de microtextos unidos pela atenção ao quotidiano, a autora afirma ter procurado criar "mensagens simples para chegar às pessoas".
É com um relato sensível dos nossos dias que Andreia Abreu escreveu "Os dias da Maria", livro agora publicado pela Busílis. "Desconfinar à boleia dos textos" é o mote destes textos, que refletem a sua tentativa de "ver sempre o lado bom das coisas".
O que pretendem transmitir estes "Dias da Maria" a quem os lê?
De uma forma abreviada, através deste livro pretendo transmitir uma mensagem de esperança, sobretudo, apesar dos tempos incertos que vivemos e de todos os medos e receios que nos assombram.
O que a atrai tanto nas vidas simples que (d)escreve no livro?
É exatamente a simplicidade que me atrai porque acredito que através de mensagens simples conseguimos chegar mais facilmente às pessoas. No fundo, acredito que dessa forma consigo mais facilmente que as pessoas se identifiquem com o que escrevo.
Sem pandemia este livro não existiria?
Honestamente, penso que não. Apesar de eu sempre ter gostado de escrever, desde nova, primeiro no jornal da escola, no diário e, mais tarde, por força da profissão, para a imprensa e para a televisão, nunca pensei "Um dia vou lançar um livro". Mas, certo é que este livro é filho da pandemia. Aliás, costumo dizer que o ano capicua trouxe-nos a pandemia e a mim devolveu-me a escrita. Para mim, a escrita serviu como terapia. Foi a forma que encontrei para expressar os meus sentimentos. Contudo, à data, estava longe de imaginar que iria reunir os textos em livro. Certo é que comecei a divulgá-los no meu perfil pessoal do Facebook e o feedback foi tão positivo que um dia ganhei coragem e mandei para a editora. Depois, enquanto aguardava pelo lançamento criei e fui alimentando o meu blogue (http://www.andreiaabreuautora.pt/) e redes sociais (https://www.facebook.com/andreiaabreuautora https://www.instagram.com/andreiaabreuautora/)
Acredita que o impacto da pandemia em todos nós vai perdurar para lá do fim da mesma?
Acredito que sim e o que me deixa mais pensativa é quando dou por mim a refletir nos abraços e beijos que deixamos de dar, nos jantares e passeios que ficaram por fazer, enfim, na vida que não "vivemos".
É importante saber se os episódios narrados no livro aconteceram mesmo?
Alguns, sim, não exatamente como descritos mas com muita verdade à mistura, outros totalmente ficcionados ou baseados em casos que ouvi ou conheci.
Apesar de retratar tempos difíceis, como os atuais, o livro transmite uma mensagem de esperança. Foi fácil manter esse otimismo em períodos adversos?
Olhando para trás e fazendo uma análise ao que escrevi, penso que sim. Eu considero-me uma pessoa otimista e tento sempre ver o lado bom das coisas. Há um texto no livro que termino assim "E eu gosto sempre de um final feliz!". E é assim mesmo que tento ser e pensar.
Os textos podem ser lidos isoladamente ou de forma aleatória. O que os une a todos, em seu entender?
A liberdade e o tempo. Gosto de imaginar um leitor desprendido, ou seja, um leitor que, se quiser até pode ler de trás para a frente. Parar a qualquer momento, mas sem perder o fio condutor. Na verdade, eu gosto de textos curtos, de dizer muito mas com poucas palavras. Acho que é uma certa herança de escrever para a TV.
A segunda parte do livro é dedicada a lugares marcantes no seu percurso. Foi a forma que encontrou de escapar ao período de confinamento durante o qual o livro foi escrito?
Sem dúvida! Dei por mim um dia, literalmente enfiada em casa, e a recordar-me deste ou daquele momento e então decidi escrever para recuar no tempo. A ideia era mesmo desconfinar, à boleia dos textos. Mais uma vez comecei a divulgar nas redes sociais e muitos seguidores escreviam-me a dizer "senti o cheiro da minha Terra; senti a areia nos pés, revi-me em cada curva..."
Era um sonho de longa data reunir os seus textos em forma de livro?
Foi algo completamente espontâneo, que surgiu, sobretudo porque um dia um amigo me telefonou a perguntar quando escrevia uma crónica para a revista dele o que acabou por ser o clique para voltar a escrever, mas ainda assim, longe de pensar no livro. Mais adiante, uma amiga ligou-me a perguntar por que não concorria a um Concurso de Literatura e eu, achei isso uma loucura. Porém, acabei por me lançar nesta aventura e estou a adorar!
Em tempos de pandemia, a escrita ganhou uma importância adicional na sua vida?
Escrever sempre foi sinónimo de prazer para mim, no entanto, em tempos de pandemia passou a ser refúgio e terapia. Foi a forma que encontrei para me libertar dos anseios e angústias que estes novos tempos nos trouxeram a todos. E, por isso, também digo que "Os Dias da Maria" são os Nossos Dias.
Tem vários textos também, ainda por publicar, para o público infantil. O que lhe proporcionam essas incursões pelo género infanto-juvenil?
Algo mágico e ao mesmo tempo inexplicável. Eu tenho dois filhos e todos os dias leio para eles, até que o mais velho começou a pedir-me que eu "inventasse" histórias. Muitas vezes, já cansada só me apetecia ir pelo caminho mais fácil que era escolher um livro e ler, todavia ele pedia tanto que acabei por ceder e ainda bem! Apercebi-me da facilidade com que entrava no mundo deles e resgatava a fantasia de sermos eternas crianças. Gostaria muito, em breve, de publicar o meu primeiro livro para crianças e também de lançar pequenos áudiocontos para grandes noites de sono tranquilo! Os meus filhos lançam o mote, escolhem os protagonistas e eu, fecho os olhos, inspiro-me e atiro-me à escrita. Adorava concretizar este projeto, confesso.
