António-Pedro Vasconcelos: Ministro lembra "figura decisiva na renovação do cinema"
O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, lamentou esta quarta-feira a morte do realizador António-Pedro Vasconcelos, aos 84 anos, em Lisboa, descrevendo-o como uma "figura decisiva na renovação do cinema português".
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O autor de filmes como "O Lugar do Morto" e "Os Imortais", morreu em Lisboa, "a poucos dias de completar 85 anos de uma vida maravilhosa", revelou hoje a família, em comunicado.
Numa nota de pesar publicada nas redes sociais, o ministro da Cultura recordou a atividade de António-Pedro Vasconcelos, não apenas como realizador, mas também como crítico literário e de cinema, como argumentista, produtor, e na definição de políticas públicas para o cinema.
"Foi além de tudo e antes de tudo, um cidadão empenhado e inconformado, comprometido desde sempre com os rumos da democracia, designadamente na defesa do serviço público de rádio e televisão", sublinhou Pedro Adão e Silva na mesma nota.
O ministro recordou ainda os seus primeiros filmes - "Perdido por Cem..." (1973), "Adeus até ao meu regresso" (1974) e "Oxalá" (1979) -, que "imediatamente o estabelecem como um dos principais autores da nova geração".
"Mais tarde, defende a necessidade de conciliar o cinema [português] com o grande público, ambição que concretiza na prática", em filmes como "Aqui Del' Rei" (1992) e "Jaime" (1999).
O ministro da Cultura lembrou também o papel de Vasconcelos na definição de políticas públicas para o setor, como coordenador do Secretariado Nacional para o Audiovisual, e a nível europeu, como presidente do grupo de trabalho para o Livro Verde da Comissão Europeia para o Audiovisual.
Nascido em Leiria em 10 de março de 1939, António-Pedro Vasconcelos foi também professor, tendo fundado o Centro Português de Cinema, como indica a biografia patente na Academia Portuguesa de Cinema.
A par do cinema, tendo assinado vários êxitos de bilheteira, como "A Bela e o Paparazzo" (2010), António-Pedro Vasconcelos também foi crítico de literatura e cinema, cronista e comentador televisivo, "com forte intervenção cívica", como escreveu José Jorge Letria no livro de entrevista com o realizador, "Um cineasta condenado a ser livre" (2016).
Um dos campos de intervenção foi a Associação Peço a Palavra, que se bateu publicamente contra a privatização da TAP.
"Hoje, mais do que nunca, temos a certeza que o nosso A-PV, que tanto lutou para que todos fôssemos mais justos, mais corretos, mais conscientes, sempre tão sérios e dignos como ele, será sempre um Imortal", escreveu a família em comunicado.