António Variações: morreu há 40 anos o ícone do legado que ainda está por cumprir
Influência de António Variações mantém-se no digital, prova de como se tornou atemporal.
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No seu tempo, não havia rótulos ou identificações desse tipo, mas é certo que, sob o contexto contemporâneo, António Variações foi o que se poderá, hoje, chamar artista queer. As suas letras ou afirmações públicas nunca foram abertamente políticas, mas nem só a falar se faz política. A roupa, a atitude, a criação. A sua existência era, por si só. desafiadora dos moldes da sociedade em que viveu, principalmente entre os anos 1960 e 1980. Não será também desafiadora dos moldes atuais?
Lila Fadista acredita que sim. Identifica, no que foi Variações, similitudes com o que ela mesma é: a vivência queer, a dissonância de roupa e estilo face à sociedade, o gosto pelo fado, por Amália e por reinterpretar música tradicional. Violentada pela forma como agia, vestia ou falava, já em criança, “saber que, tantos anos antes, tinha havido alguém que desafiou os padrões era um orgulho e também um constrangimento”. “Pensar em Variações era sentir vergonha ao imaginar as reações se, tal como ele, me expusesse e aparecesse como era”.