António Zambujo foi elogiado numa crítica do jornal "The New York Times" pelo concerto que deu, este sábado, em Nova Iorque. Está agendado para setembro o lançamento do novo álbum, "Quinto", nos Estados Unidos da América.
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Alentejano de gema, António Zambujo levou, no fim-de-semana, a sua música a Nova Iorque. O concerto valeu-lhe o entusiasmo do público e vários elogios numa crítica do The New York Times, um jornal de referência dos EUA.
A convite do World Music Institute, Zambujo atuou na noite de sábado no Skirball Center, sala de espetáculos da Universidade de Nova Iorque. A sala não estava cheia, mas reuniu cerca de 600 pessoas, que puderam ouvir músicas sobretudo dos dois álbuns anteriores, "Guia" e "Outro Sentido", já editados nos Estados Unidos.
O público nova-iorquino reuniu também muitos portugueses residentes na cidade norte-americana, que aproveitaram a oportunidade para ouvir a música do cantor português, cujas principais influências são o fado, o folclore português, o jazz e sons brasileiros e africanos.
António Zambujo começou sozinho em palco, a cantar e tocar à guitarra "Daquela Janela Virada para o Mar". Passou depois ao fado "Loucura", já com os restantes músicos e, depois, a temas de Vinicius de Moraes e Amália Rodrigues.
Depois de dois concertos com um alinhamento semelhante em Boston e Rhode Island, Zambujo mostrou-se, no final, satisfeito com a atuação, a segunda em Nova Iorque desde o ano passado. O cantor português diz estar a planear voltar no início de 2013 para apresentar o novo álbum, "Quinto", a ser editado pela World Village.
"Os concertos têm corrido bem", disse à agência Lusa o fadista, afirmando também que os álbuns têm vendido bem. "Notamos por causa da afluência do público aos concertos. Estão cheios, é porque os álbuns são vendidos", disse Zambujo.
Elogios da crítica norte-americana
Na sua crítica musical, o The New York Times não poupou elogios ao cantor. "Zambujo presta reverência à história do fado. O seu concerto incluiu canções ligadas aos cantores mais indeléveis do fado: Miss [Amália] Rodrigues e Alfredo Marceneiro. No entanto, ele vai levando o fado, discretamente, para territórios mais seus, ligando o fado tanto à música regional do sul de Portugal, onde cresceu, como à pop brasileira, que tem alguma da graciosidade do fado", escreveu o crítico Jon Pareles no jornal norte-americano.
"O seu tom é sempre intimista, enquanto vai cantando sobre a solidão e o amor perdido. O microfone é seu aliado, captando cada nuance da sua voz pequena, mas extremamente expressiva (...). O seu fraseado é cheio de hesitações dramáticas e arabescos elegantes, criando com frequência clímaxes emocionais (...)", continua o crítico, que descreve ao pormenor a música e voz do cantor alentejano.
À agência Lusa, António Zambujo mostrou-se satisfeito pela aprovação do público norte-americano. "Os Estados Unidos são sempre um mercado importante, uma grande potência. Se nos aceitam, é muito bom para nós", comentou.
Concertos no estrangeiro trazem novas influências
O fadista atuou recentemente na Bélgica e Holanda e regressou a Portugal para dar um espetáculo em Beja, esta quarta-feira. A próxima paragem é em França, na próxima segunda-feira, 21 de maio, e depois a Alemanha. Zambujo diz que os diversos festivais por onde tem passando vão trazendo novas influências para a sua música.
"Tocamos muito em festivais de World Music ou Jazz, assistimos felizmente a muitos concertos e, inevitavelmente, alguns concertos acabam sempre por influenciar um pouco a música", afirmou. "A minha maneira de cantar vai mudando também em função daquilo que oiço", explicou.
Para o próximo álbum, António Zambujo diz ter como ideia gravar com uma orquestra pela primeira vez.
"Quinto" deve o seu nome ao facto de ser o quinto álbum do intérprete e conta já com um Prémio Amália para Melhor Fadista. O disco integra 14 temas, metade deles gravados ao vivo em janeiro, no Centro de Artes de Sines.