A edição de 2020 dos Oscars safou-se à justa de uma emergência sanitária que então apenas se pressentia, mas este ano, apesar do adiamento para final de abril, as estatuetas de Hollywood vão ter mesmo de usar máscara.
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Mais logo, com transmissão na RTP Play a partir das 21 horas e na RTP1 à meia-noite, haverá o mesmo glamour, o mesmo desfilar das estrelas, a mesma indecisão sobre os vencedores, mas nada será como dantes.
O Dolby Theatre, em Hollywood, apesar de utilizado para os números musicais, será substituído como palco central da cerimónia pela Union Station, em Los Angeles, emblemática estação ferroviária, com o espaço art deco agora transformado em centro multiusos.
Os Oscars 2021 também não terão um apresentador "oficial", com a continuidade da emissão a ser garantida pelas estrelas que forem desfilando na apresentação dos galardões, como os vencedores do ano passado, Joaquin Phoenix e Reese Witherspoon, ou o carismático Harrison Ford. A passadeira vermelha terá um formato mais reduzido e quem passar por lá terá feito um teste negativo à covid-19.
Com limitações às viagens entre países, haverá ligações por videoconferência a outros países, mas os principais nomeados estarão presentes, com todas as regras sanitárias em vigor.
Mas os Oscars são sobretudo uma celebração do cinema, atividade que sofreu enormemente com a pandemia. Muitos dos filmes nomeados foram vistos sobretudo em streaming e muito limitadamente em cinema. Talvez por isso, as obras independentes dominam as nomeações e as plataformas de streaming tomam a dianteira em relação aos estúdios tradicionais.
"Mank", de David Fincher, é o mais nomeado, potencial candidato a dez estatuetas mas, atendendo ao que tem acontecido noutras cerimónias de prémios, arrisca-se a ser o perdedor da noite. Pelo contrário, espera-se que Chloé Zhao, cineasta chinesa radicada nos Estados Unidos, seja a grande triunfadora.
"Nomadland - Sobreviver na América", já em exibição nas nossas salas, tem seis nomeações, quatro das quais para Zhao, como realizadora, produtora, argumentista (em adaptação do romance de Jessica Bruder) e montadora. Vencendo como realizadora, Chloe Zhao será apenas a segunda mulher a conseguir este Oscar, sucedendo a Kathryn Bigelow ("Estado de guerra").
E será que Frances McDormand se junta à consagração, vencendo o seu terceiro Oscar, ou não sobreviverá à concorrência de Viola Davis e Carey Mulligan? E o soberbo trabalho de Anthony Hopkins em "O pai" será suficiente para bater o previsível Oscar póstumo para Chadwick Boseman? A resposta a todas as questões chega mais logo, em direto de Hollywood.
Apostas JN para esta noite
Melhor Filme
"Nomadland - Sobreviver na América" é um retrato sensível de uma América que pouco conhecemos, a dos nómadas dos nossos dias, acompanhando uma mulher que optou por esse estilo de vida.
Melhor Realização
Ao terceiro filme de fundo, "Nomadland", Chloé Zhao atinge a consagração merecida, com o seu cinema em torno daqueles que pouco vemos e chegado a um conceito de América primitiva.
Melhor Ator
Há Anthony Hopkins, com um trabalho que, apesar do seu enorme talento, ainda consegue surpreender, mas o Oscar deve ir para Chadwick Boseman, falecido em agosto aos 43 anos e já vencedor do Globo de Ouro por "Ma Rainey: a mãe dos blues".
Melhor Atriz
A concorrência é grande, com interpretações oscarizáveis de Frances McDormand, Viola Davis, Vanessa Kirby e Andra Day, mas a nossa aposta vai para Carey Mulligan, surpreendente vingadora na comédia negra "Uma miúda com potencial"
Melhor Filme Internacional
Ainda não foi desta que Portugal se fez representar, mas as possibilidades seriam remotas face ao dinamarquês "Mais uma rodada", fascinante celebração da vida do realizador Thomas Vinterberg, com Mads Mikelsen no seu melhor.