<p>Tóquio é a cidade tecnológica por excelência. Andamos nas ruas como que a ver um filme, sempre de pescoço erguido a descobrir a nova maravilha que nos oferece cada anúncio. </p>
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Nas artérias da capital japonesa parece que viajamos num espaço de ficção científica. Sentimos também que o nosso país ainda tem de percorrer alguns anos de atraso até chegar àquele nível: ali está o que mais se aproxima do futuro.
A Segunda Guerra Mundial foi dos seus períodos mais conturbados, tendo Tóquio sido parcialmente destruída pelos bombardeamentos norte- americanos (morreram 150 mil pessoas). A ressaca deste período da sua história, em que o País do Sol Nascente pretendeu dominar meio mundo aliado à Alemanha nazi, pode ser respirado num policial, "Tóquio ano zero",de David Peace,onde um inspector investiga os crimes perpetrados por um serial killer. Tudo é vivido numa cidade subjugada pelas forças de ocupação, transmitindo-nos uma ideia daquilo que tiveram de passar os sobreviventes do conflito. Tóquio tentava a todo o custo erguer-se das cinzas.
Como banda sonora ideal para a cidade nipónica propõe-se a música de Toru Takemitsu, um representante do génio japonês ao mais alto nível. Este compositor, que foi uma descoberta acidental de Stravinsky (ouviu a sua música num gravador sem saber o que estava a tocar...), fundiu a música ocidental com a tradição japonesa, conseguindo uma sonoridade que nos traz de imediato a modernidade e a sofisticação de todo um povo.
A sua música erige uma ponte entre a tradição e a vanguarda, o que de alguma forma pode constituir como que um retrato fiel daquilo que efectivamente é a grande metrópole japonesa.