Tradição foi recuperada pelo "Jornal de Notícias". Iniciativa começou ontem e vai manter-se nos próximos dois domingos entre as 9 e as 11.30 horas.
Corpo do artigo
De sorriso rasgado e com os jornais guardados no saco que transportavam ao ombro, Soraia Gouveia e Catarina Tavares percorreram ontem as ruas do Porto a apregoar as manchetes do dia e a recriar a personagem do ardina. Venderam o "Jornal de Notícias" e "O Jogo" e anunciaram aos portuenses que, nos próximos dois domingos, entre as 9 e as 11.30 horas, os jornais vão sair do quiosque para ir ao encontro dos leitores na rua.
"Antigamente existiam muitos, mas agora encontrar um ardina é difícil. Levar o jornal às mãos é diferente de termos de deslocar-nos a um sítio para o comprar", disse Catarina, de 25 anos, que foi desafiada pelo primo a assumir o papel.
Para as ardinas, os objetivos são claros: "Queremos despertar nos mais novos o "bichinho" de ler o jornal e tentar que os mais velhos que, com a mudança do tempo deixaram de comprar, o voltem a fazer", referiu Soraia, de 26 anos.
Na Avenida dos Aliados, no centro do Porto, as jovens concretizaram a primeira venda. "Bom dia. Somos as novas ardinas do JN. Quer comprar o jornal? Hoje, o destaque vai para o clássico", perguntou Soraia a Fernando Torres que aguardava na paragem pelo 304. O pintor, de 60 anos, comprou "OJogo".
"A iniciativa é boa, até porque a maioria dos quiosques estão fechados ao domingo de manhã", salientou Fernando Torres.
Junto à estátua do ardina do JN, perto da estação de São Bento, as jovens não passaram despercebidos a Domingos Silva que, aos 10 anos, começou a vender jornais com alguns amigos. "Quando conseguia faltar às aulas, os ardinas pediam-me para ir vender no elétrico enquanto eles ficavam espalhados pela cidade. Custava um escudo e vendia-se muito bem porque não havia tanta tecnologia. Ainda tenho em casa um saco amarelo com o símbolo do JN", recordou o homem de 71 anos.